terça-feira, 24 de janeiro de 2012

NOS BASTIDORES DA POLÍTICA INTERNACIONAL

Foi há muitos anos, em África. Por razões de ordem técnica, o presidente da antiga colónia portuguesa foi obrigado a uma escala técnica no aeroporto de outro país, antiga colónia inglesa. O presidente deste último fez questão em se deslocar ao aeroporto, para cumprimentar o seu homólogo. Problema delicado: um não falava inglês, o outro não falava português. O chefe de estado do país lusófono olhou em volta e decidiu: “fulano, chega lá aqui”, designando como seu tradutor um jovem jornalista. Cujos conhecimentos da língua de Shakespeare eram, quando muito, sumários. A conversa inicia-se, não sem alguma dificuldade. A dado momento, o jornalista perde-se e confessa ao seu presidente “não percebi uma palavra do que ele me disse”. Ao que o interpelado, com o ar de compenetração que esses momentos exigem, respondeu “não te preocupes com isso…”, como se tivesse bebido todas as palavras. O diálogo prosseguiu, com naturalidade e descontração.

A história foi-me contada, há dias, pelo improvisado tradutor, animando ainda mais um almoço fraterno. Ficamos sempre a matutar “que raio de conversas haverá e que coisas se passarão para lá da aparência dos sorrisos e dos apertos de mão para a fotografia?”.



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