Foi há muitos anos, em África. Por razões de ordem
técnica, o presidente da antiga colónia portuguesa foi obrigado a uma escala
técnica no aeroporto de outro país, antiga colónia inglesa. O presidente deste
último fez questão em se deslocar ao aeroporto, para cumprimentar o seu
homólogo. Problema delicado: um não falava inglês, o outro não falava
português. O chefe de estado do país lusófono olhou em volta e decidiu:
“fulano, chega lá aqui”, designando como seu tradutor um jovem jornalista.
Cujos conhecimentos da língua de Shakespeare eram, quando muito, sumários. A
conversa inicia-se, não sem alguma dificuldade. A dado momento, o jornalista
perde-se e confessa ao seu presidente “não percebi uma palavra do que ele me
disse”. Ao que o interpelado, com o ar de compenetração que esses momentos
exigem, respondeu “não te preocupes com isso…”, como se tivesse bebido todas as palavras. O diálogo prosseguiu, com
naturalidade e descontração.
A história foi-me contada, há dias, pelo improvisado
tradutor, animando ainda mais um almoço fraterno. Ficamos sempre a matutar “que raio de conversas haverá e que coisas
se passarão para lá da aparência dos sorrisos e dos apertos de mão para a
fotografia?”.
Interessante. Vou prestar mais atenção nos interpretes.
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