segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

SERGI REBOREDO


Origem dos sonhos esquecidos

Entre a bicicleta e a laranja
vai a distância de uma camisa branca

Entre o pássaro e a bandeira
vai a distância dum relógio solar

Entre a janela e o canto do lobo
vai a distância  dum lago desesperado

Entre mim e a bola de bilhar
vai a distância dum sexo fulgurante

Qualquer pedaço de floresta ou tempestade
pode ser a distância
entre os teus braços fechados em si mesmos
e a noite encontrada para além do grito das panteras

qualquer grito de pantera
pode ser a distância
entre os teus passos
e o caminho em que eles se desfazem lentamente

Qualquer caminho
pode ser a distância
entre tu e eu

Qualquer distância
entre tu e eu
é a única e magnífica existência
do nosso amor que se devora sorrindo


Recebo, regularmente, mails deste fotógrafo catalão (o meu nome deve, por razões obscuras, estar numa qualquer base de dados). Trabalhos de grande qualidade, um pouco ao estilo globe-trotter. A série de imagens da Malásia fez-me lembrar do poema de Mário Henrique Leiria. Por causa do conteúdo? Nem tanto. Pela repetição da palavra "distância". Pelo abismo que separa os dois "países" das fotografias.

Site de Sergi Reboredo: www.sergireboredo.com

2 comentários:

  1. Não sei quanto aos paises em questão,mas o poema que você escolheu é lindo.Gosto da última estrofe:
    "Qualquer distância
    entre tu e eu
    é a única e magnífica existência
    do nosso amor que se devora sorrindo".
    Na foto, os prédios parecem de cristal. Linda!

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  2. Um pais de contrastes, sem duvida, tal como acontece em muitos que como a Malasia experienciam um desenvolvimento exponencial.

    O governo tem um plano em curso designado Wawasan 2020 (Visao 2020), que tem como objectivo que o pais no ano de 2020 alcance indicadores socio-economicos identicos aos das grandes potencias mundiais.

    Como residente no pais ha 4 anos estou curioso para ver se o dito plano ira reduzir ou aumentar ainda mais a diferenca entre "pobres e ricos" no pais.

    Um abraco de um Mourense por terras de Afonso D'Albuquerque.

    Hugo Pacheco

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