As recentes movimentações em torno da reforma do sistema eleitoral (com as autarquias à cabeça) já não deixam margem para dúvidas. Estamos em pleno laboratório. Tragicamente, as cobaias somos nós. Os cientistas políticos que assessoram o governo estão a fazer ensaios e a testar soluções. Julgam-se deus ex machina, com soluções miraculosas, a impor - a le-gis-la-ção (oh, não, mais e mais legislação...) que aí vem é disso que trata - às massas ignaras.
Um recente artigo de Martim Avillez Figueiredo, intitulado Um país em rede, é disso que trata. Usa como ponto de partida um livro de Lisa Gansky, uma empresária americana, que se traduz num objetivo e cito: "partindo de uma oferta central forte, gerada por uma empresa, criam-se mecanismos que estendam esse valor a outras comunidades, e destas para outras, através de princípios simples de partilha de produtos, da dinamização de cadeias de valor ou da utilização agregada de bens físicos [comentário: está encontrada a inspiração para as centrais de compras para as comunidades inter-municipais]." Conclui mais adiante MAF: "(...) se Lisa Gansky estiver certa, esta reforma vai colocar o Portugal mais forte ao serviço do país empobrecido. Se estiver errada, vai piorar o clima de tensão social. Mas tudo isto é melhor do que a perspetiva
de continuar a olhar apenas, para o velho Portugal". A nonchalance destas palavras é tremenda. Falhou? Que pena. Aumenta-se a tensão social? Olha que maçada... A ideia da partilha e do país pequeno entrar na engrenagem do país grande, no centro da decisão, é pueril e politicamente impraticável. Uma semana dentro de uma Câmara do interior do país daria para MAF onde e porquê este esquema falha. É que, detalhe da maior importância, os municípios são habitados por pessoas e não por esquemas teóricos.
Estamos nas mãos de um vasto conjunto de Bunsens Melões... Que não conhecem o raio do País onde vivem.
É tudo igual. É assim mesmo que nos sentimos a cada novo informe do governo sobre nossas carreiras e salários e aposentadoria. Parece ser tão fácil para eles arbitrar sobre nossas vidas.Mas acredito que deve haver uma maneira civilizada e eficaz para mudar tudo isso.É um dos meus (muitos) defeitos: sou otimista.
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