Comecei a lê-lo e a vê-lo há perto de 40 anos, em publicações brasileiras que o José comprava com regularidade. Na altura, não percebia parte do que dizia, mas nunca mais deixei de seguir as suas charges, ácidas, impiedosas e certeiras. Ou de ler os seus poeminhas cinéticos, um pouco no estilo de E.M. Melo e Castro.
Millôr Fernandes partiu. São Pedro deve estar a ter um dia difícil...
Era um homem bem vestido
Foi beber no botequim
Bebeu muito, bebeu tanto
Que
saiu
de
lá
assim.
As casas passavam em volta
Numa procissão sem fim
As coisas todas rodando
O moço entra apressado
Para ver a namorada
E é da seguinte forma
escada.
a
sobe
ele
Que
Mas lá em cima está o pai
Da pequena que ele adora
E por isso pela escada
ele
embora.
Oh qu'ingraçado...um caligrama qu'os copos : ))
ResponderEliminarQuando morre um poeta
ResponderEliminarQuando morre um poeta
A noite torna-se mais escura
As aves calam-se
Os arroios secam
As árvores tombam
As crianças perdem o sorriso
Os velhos sentem mais frio
E os homens sofrem
Sem saber porquê
A noite torna-se mais escura
Quando morre um poeta
Mas o céu e a ave
A árvore e o arroio
Sabem porquê.
Moita Macedo
"A noite torna-se mais escura
ResponderEliminarQuando morre um poeta."
Millôr Fernandes faz parte da minha vida. Quando jovem colecionava as charges e as crônicas que foram publicadas em jornais e revistas.Suas sábias lições (de cidadania e autonomia dadas com muito humor e muito amor)guardarei com muiito carinho. É a vida...