quarta-feira, 28 de março de 2012

MILLÔR FERNANDES (1923-2012)


O mundo da cultura ficou mais pobre com o desaparecimento de Millôr Fernandes. Um lugar-comum? Decerto. Mas nem por isso menos verdadeiro. E não é só o Brasil a sentir essa perda. Millôr Fernandes tinha em Portugal uma legião de admiradores.

Comecei a lê-lo e a vê-lo há perto de 40 anos, em publicações brasileiras que o José comprava com regularidade. Na altura, não percebia parte do que dizia, mas nunca mais deixei de seguir as suas charges, ácidas, impiedosas e certeiras. Ou de ler os seus poeminhas cinéticos, um pouco no estilo de E.M. Melo e Castro.

Millôr Fernandes partiu. São Pedro deve estar a ter um dia difícil...

Era um homem bem vestido
Foi beber no botequim
Bebeu muito, bebeu tanto
Que
s
aiu
d
e
l
á
a
ssim.
As casas passavam em volta
Numa procissão sem fim
As coisas todas rodando

O moço entra apressado
Para ver a namorada
E é da seguinte forma
escada.
a
sobe
ele
Que
Mas lá em cima está o pai
Da pequena que ele adora
E por isso pela escada

ele

embora.

3 comentários:

  1. Oh qu'ingraçado...um caligrama qu'os copos : ))

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  2. Quando morre um poeta

    Quando morre um poeta
    A noite torna-se mais escura
    As aves calam-se
    Os arroios secam
    As árvores tombam
    As crianças perdem o sorriso
    Os velhos sentem mais frio
    E os homens sofrem
    Sem saber porquê

    A noite torna-se mais escura
    Quando morre um poeta

    Mas o céu e a ave
    A árvore e o arroio
    Sabem porquê.

    Moita Macedo

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  3. "A noite torna-se mais escura
    Quando morre um poeta."

    Millôr Fernandes faz parte da minha vida. Quando jovem colecionava as charges e as crônicas que foram publicadas em jornais e revistas.Suas sábias lições (de cidadania e autonomia dadas com muito humor e muito amor)guardarei com muiito carinho. É a vida...

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