sexta-feira, 13 de abril de 2012

A PROPÓSITO DE SOFÁS - 3/7

Ainda e sempre, dedicado ao meu amigo Humberto. Por causa dos sofás.



De Dioguo Fogaça a huuma dama muyto gorda, que se encostou a elle, & acahyram anbos, & ella disse-lhe sobre ysso mas palauras.

Que gentill feycam de damas!
nam sey como volo digua:
que tudo he cu & mamas,
& barrigua.

As mamas dam polo ventre,
o ventre polos joelhos,
& do cu at’oos artelhos
gordura sobresalente.
Arreneguo de tais damas,
he forcado que o digua:
ca tudo he cu & mamas,
& barrigua.

Corregeram na muy bem,
pero foy com muyta pena,
ca lhe fizeram querena
no rrio de Sacauem,
Reuolta d'ambalas camas;
ysto com muyta fadigua:
ca tudo he cu & mamas,
& barrigua.

Corregeram-lh’o costado,
mas a quilha fycou podre,
rramendaram-lh’a com hum odre,
do auesso trosquiado
& com tres peles de guamas
muyta estopa d’estrigua:
ca todo he cu & mamas
& barrigua

Nam prestou calafetar,
porque faz aguoa porfundo,
nam ha crespym no mundo
que lh’a podesse vedar.
Ho diabo dou taes damas
he forçado que o digua:
ca todo he cu & mamas
& barrigua.

Mas quebraram-lh’as estoras,
encostou-se sobre mym,
teue debayxo crespym
bem acerca de tres oras.
Ja rreneguaua das damas,
sayo, com muita fadiga,
debayxo de cu & mamas
& barrigua
.

Ora bem, deitemos contas à vida: a pintura é de Lucian Freud, o poema de Diogo Fogaça. Foi publicado no Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende.

3 comentários:

  1. Ora aqui está um sofá de quem nada faz.

    Humberto.

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  2. Não faz nada?
    Nada, mesmo nada?
    Hum, não sei não...

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  3. A do sofá está estática. Não faz nada, mesmo nada! LOL

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