Está na altura de chamar os teóricos do pensamento rápido. E os politólogos. Está na altura de perceber o que se passa. Por onde anda a Primavera? Não a que hoje termina, mas a outra. A Primavera Árabe. Agora que o Ocidente controla, ou julga controlar, o que antes lhe escapava, está na altura de reler a margem sul do Mediterrâneo.
Em Marrocos os islamistas ficaram à frente no voto popular; na Argélia há uma mal disfarçada tensão e depois de Bouteflika ninguém sabe como será; na Tunísia as eleições foram ganhas pelos islamistas; na Líbia mataram o ogre e ninguém sabe quem manda em quê; no Egito, o ogre está em coma, houve eleições mas se calhar não houve e os islamistas avançam; na Síria, e no meio de um embuste informativo generalizado, o Ocidente acha que o país está a ser libertado, com os islamistas em pano de fundo.
Ainda não percebi o significado desta Primavera. No meio de entusiásticos fora, de tanto debate e de tantas declarações de amor ao Mediterrâneo há detalhes que ainda não mereceram grande atenção aos analistas e aos politólogos. E que eu gostava de entender. Que medidas concretas foram tomadas para o combate à pobreza? O que se passa com a juventude desses países? Como estão os direitos das mulheres? O que é feito das minorias cristãs? O que vai ser da minoria cristã na Síria, já agora? Que desenvolvimentos teve o dossiê palestiniano, o mais sensível e mais doloroso de todos os assuntos? Haverá primaveras sem pão? Ou teremos de esperar umas décadas para a desclassificação de documentos nos explicar como se fomentaram estas primaveras?
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