Em França é frequente colar-se a Portugal uma imagem de arcaísmo. Uma Eusropa do sul, com sol e melancolia, mulheres morenas e pouco atraentes. Um país atrasado, mas deliciosamente simpático. Il y a, bien sûr, Amáliá Ródriguéss et le fádô. Et Pessôá.
Vem isto a propósito dos chavões que (se) nos colam e a que o embaixador de Portugal em França faz alusão (v. aqui). Já fui disso "vítima", uma vez, quando faleceu Amália Rodigues. Um jornalista da LCI (La Chaine Info, nada a ver com a Liga Comunista Internacionalista) telefonou-me e fez-me três ou quatro perguntas para colocar depois em fundo enquanto se mostravam imagens do funeral. Uma das questões foi, espantosamente, se o país tinha parado por completo...
Há melhor, contudo, numa mistura de condescendência e sobranceria. Uma das minhas histórias favoritas passou-se com uma amiga, radicada em Paris há mais de 20 anos. Nem o facto de viver no exclusivo seizième lhe vale. Um belo dia, uma senhora do seu meio perguntou-lhe qual o nome de família. Ao ouvir a resposta comentou, em tom casual, "ma femme de ménage aussi...".
É assim. Continua a ser, apesar de tudo, assim.
Fotografia: Henri Cartier-Bresson (1955)
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