O senhor da sapataria aprovou a minha escolha "esse é já um sapato muito bom". Vi-me a sair da sapataria ao pé coxinho, só com um sapato. Pagando metade, em princípio.
Ao trocar de lentes - a minha miopia não é, ó desgraça!, reacionária - a
senhora da loja aconselhou-me "tente esta armação; sempre é um óculo
diferente". Agradeci, mas continuei, conservador, fiel ao estilo de
sempre.
No pronto-a-vestir, a empregada desfez a dúvida "sim, essa calça tem 30% de desconto".
Ao passar pelo bar do terminal de Sete Rios a moça diz-me "de xóriço já não há; pode ser uma sande de queijo?".
Gosto imenso do singular. O singular é portuguesíssimo. Encostei-me à manjedoura do bar, comendo a sande e polindo (como a mãe de Rodchenko) o óculo. E espreitando o saco, para confirmar que a calça tinha sido boa compra. Só não entrei para o expresso ao pé coxinho, usando o sapato, porque as pessoas iam pensar que não regulo bem.
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