O País é todo igual? Claro que não é. E se há duas ou três décadas se pensou que era possível inverter tendências de macrocefalia hoje é mais que evidente que isso não está nos planos de quem governa. Elites pífias e mal preparadas traçam rotas e tomam decisões. A reorganização administrativa é mais um passo na liquidação do interior de Portugal.
Sítios como Mértola ou como Alcoutim resistirão uma ou duas décadas. Não mais que isso. Outros concelhos, mesmo os de maior dimensão, irão pelo mesmo caminho.
Tenho, todas as semanas, várias vezes por semana, um pequeno símbolo dessa situação. Não é importante, nem decisivo, mas é ilustrativo. Quando faço o percurso de Moura para Mértola "perco" a Antena Um ao entrar na Serra de Serpa. Quando passo à Mina de S. Domingos só ouço a Cadena Ser, a Radio Nacional de España, o Canal Fiesta etc. Recupero as estações nacionais mais importantes ao chegar às curvas de Mértola. Há um Portugal invisível que inexiste nos grandes centros. Começa na serra algarvia e vai até ao país transmontano. É assim desde há muito. E não vejo do Poder Central uma única iniciativa para que seja de outra maneira.
Jovens num areal. Não é na Mina nem estão a ouvir a Antena Um.
Muito bom!
ResponderEliminarAqui vai a minha experiência:
http://guadianaacima.blogspot.pt/2010/12/as-curvas-de-santa-iria.html
De facto já me tinha intrigado sobre esse desaparecimento de ondas nos sítios referidos.Mas o outro desaparecimento que é mencionado é bem mais preocupante. Conheço bem as duas localidades, e também já me tinha dado conta da sua luta contra a desertificação galopante. É triste encontrar por todo o país (especialmente no Algarve e em Lisboa) naturais de Mértola ou Alcoutim. Cada vez mais e mais novos são forçados a procurar a sua sorte noutras paragens. Tal como por todo o interior acontece. Continuo a ir para o Algarve pela estrada antiga sempre que possível. Adoro os caminhos antigos de Alcoutim para Castro Marim. Fico sempre com a ideia que o Santiago refere, daqui a dez/vinte anos vai haver problemas sociais graves. Esperemos que não.
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