terça-feira, 12 de março de 2013

PAUL THOMAS ANDERSON NA FCSH





Li, em tempos, uma entrevista feita a Woody Allen, na qual o cineasta explicava um dos seus métodos favoritos para arranjar materiais para os argumentos. Limita(va)-se a passear pelas ruas de Nova Iorque, observando as pessoas à sua volta.

A entrevista veio-me à memória, há uns meses, no elevador da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Entrámos cinco pessoas, três senhoras, um jovem gorducho, provavelmente aluno, e eu. Quando o elevador parou no primeiro piso, o jovem, muito hirto, bradou, de forma sincopada: PRI-MEIRO PISO. Entreolhámo-nos naquela do ó mau, o que é que se passa aqui? Segundos depois, a cena repetiu-se, num tom de voz ainda mais forte: SE-GUN-DO PISO! Duas das senhoras precipitaram-se para a porta, com ar espavorido. Pensei raio de azar, isto do Departamento de História ser no sexto andar... E, logo de seguida, o que vale é que ele não deve estar armado... O inusitado anúncio teve lugar uma vez mais, antes do jovem abandonar o elevador. Fiquei só com a passageira restante, que suspirou de alívio. Comentei o Tarantino não precisa de se esforçar muito na escrita dos filmes. A senhora riu nervosamente e respondeu pois não.

Não é sítio onde vá muitas vezes, mas fiquei curioso quanto à atitude do jovem  e improvisado ascensorista. Bem vistas as coisas, a cena é mais Paul Thomas Anderson que Quentin Tarantino.

1 comentário:

  1. Imagino que o gajo ainda se ria às gargalhadas cada vez que se lembra das vossas caras quando anunciava o piso em que o ascensor ia parar!

    BDR

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