sexta-feira, 1 de março de 2013

REGRESSO A TÂNGER

Esta é a história de um homem perseguido pelo vento, esquecido pelo tempo e desprezado pela morte.

O vento vem de leste, na cidade onde o Atlântico e o Mediterrâneo se encontram, uma  cidade feita de colinas sucessivas, enigma doce e inatingível.

O tempo começa com o século ou quase. Forma um triângulo no espaço familiar desse homem que, cedo - tinha 12 ou 13 anos -, deixou Fez para ir trabalhar no Rif, em Nador e Melilla, para durante a guerra e emigrar nos anos 50, com a sua pequena família, para Tânger, cidade do estreito, ondem reinam o vento, a preguiça e a ingratidão.

Começa assim o livro Dia de silêncio, de Tahar Ben Jelloun. Tânger é um dos mais belos e inesquecíveis sítios do mundo. É, seguramente, uma daquelas cidades para onde poderia partir amanhã e não mais regressar. O excelente livro de Tahar Ben Jelloun foi lido, entre o Petit Zoco, os cafés do Boulevard Pasteur e o museu onde a exposição Marrocos-Portugal estava a ser montada. Foi em 1999. Não regressei a Tânger. Irei lá estar no próximo dia 21, no início de um rápido périplo magrebino. Um dia vai saber a pouco. Tentarei voltar depressa. À cidade do vento, da preguiça, da luz e do caos. Mas não da ingratidão.

Tânger, por Braunio (séc. XVI)

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