Foi no dia 1 de abril de 1992. Um grupo de amigos passou a véspera congeminando a forma de animar o quotidiano mertolense. Vai daí um deles resolveu pedir ao Abdallah Khawli que traduzisse para árabe uma "comunicação" da embaixada líbia, informando que Muammar Khaddafi se deslocaria a Mértola no mês seguinte, para visitar as escavações arqueológicas e apoiar a construção do Museu Islâmico. O "comunicado" era um texto delirante, que incluia indicações sobre as tendas necessárias ao alojamento da guarda pessoal do líder líbio e informações diversas sobre a comitiva, na ordem das várias centenas de pessoas.
Espantosamente, quando o fax chegou, ninguém telefonou para a embaixada a confirmar o que quer que fosse. Ao invés, chamou-se o Abdallah (que não se desmanchou) para fazer a tradução e convocou-se, de imediato, uma reunião extraordinária de câmara. Já a balbúrdia ia alta - com telefonemas às autarquias vizinhas, para resolver o problema das tendas - quando o Abdallah resolveu colocar um ponto final na brincadeira, lembrando que era dia das mentiras. Caiu-lhe tudo em cima. O Abdallah, cavalheirescamente, aguentou firme e não denunciou os comparsas. Nos dias seguintes quase se constituiu uma bolsa de apostas quanto ao(s) autor(es) da coisa.
Foi nos tempos, mais risonhos que hoje, em que essas coisas aconteciam assim no Campo Arqueológico de Mértola. Já lá vão 21 anos.
ResponderEliminarEntão foi de Mértola que os parisienses tiraram a ideia!