terça-feira, 16 de julho de 2013

DOIS MESES E MEIO ANTES DAS AUTÁRQUICAS

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São pouco frequentes as minhas crónicas dedicadas ao tema “política”. Por várias razões. Em primeiro lugar, porque há vida para lá da política e há muitas outras coisas de que gosto. Depois, porque me parece algo monótono alguém que tem responsabilidades políticas diretas neste concelho estar sempre a falar do mesmo tema. Finalmente, e esta razão não é contraditória, porque a atividade política não se esgota nas nossas funções públicas. Ou seja, há formas de um cidadão comunicar e intervir sem estar sempre a bater na mesma tecla. Excetuando as crónicas de cariz “confessional”, são também crónicas políticas aquelas que se ocupam de temas como a torre de menagem do castelo de Moura, os trabalhos arqueológicos ou a descoberta de documentos sobre a história do concelho.
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Dito isto, aqui fica a exceção que esta crónica é. Quando a edição de “A Planície” de 15 de julho estiver nas bancas faltarão sensivelmente dois meses e meio para as eleições autárquicas. Assumi, em fevereiro desde ano, a responsabilidade de ser candidato à presidência da Câmara de Moura, pela CDU. Os próximos dois meses e meio serão de atividade intensa, mas não menos intensa que os anos recentes. Surpreendo-me, por isso, com a atitude daqueles que, depois de décadas de alheamento em relação aos problemas do concelho, agora descobrem não só o interesse pela política como parecem ter soluções para todos os problemas. Só nos falta clamar, humildemente, “milagre! milagre!” ante tantas propostas e tantas soluções. Recordo-me, nestas alturas, de uma sofrível tese de mestrado, que tive de arguir, em tempos. O candidato criticava um determinado modelo de desenvolvimento cultural e propunha duas dezenas e meia de iniciativas que trariam todas as soluções, para todos os problemas. Limitei-me a perguntar se o candidato tinha quantificado, hierarquizado e calendarizado tantas e tão maravilhosas ideias. Ou seja, quais as prioridades, quais os custos e quanto tempo consumiria tudo aquilo. Não tive resposta. Lembro-me, com frequência, desse episódio da minha vida académica. Nestas alturas pré-eleitorais não faltam os vendedores de promessas, os salvadores da pátria, os que tudo sabem e que têm todas, mas mesmo todas as soluções. Não alinho nesse grupo nem atuo dessa forma.

Os próximos dois meses e meio serão passados, repito, em atividade intensa. Que vem na lógica e na continuidade do meu percurso anterior. Dedicar-me-ei ao que faço com o empenho de sempre. Não tenho soluções para tudo, nem tiro, miraculosamente, promessas (de emprego, de obras etc.) da manga da camisa. Não ando a papagaiar ilusões nem a vender futuros. Conto com os que me acompanham, e a quem eu acompanho, neste percurso. Conto com o entusiasmo pelas coisas, com a honradez deste projeto, com a frontalidade que reclamo ter e com a segurança do caminho percorrido. Julgo, sinceramente, ter dado provas de trabalho ao longo destes anos. É tudo e é quanto me basta para prosseguir.

A próxima crónica será sobre uma cidade nos trópicos.


 Crónica publicada na edição de ontem do jornal "A Planície"

6 comentários:

  1. Curioso, Sr. Candidato, depois de ler o seu texto, também eu me recordei de uma “sofrível” tese de mestrado (das várias que tenho presenciado nos últimos tempos) à qual fui assistir, em tempos, na esperança de, e confiando na imparcialidade política dos arguentes, assistir a um desafiante debate de ideias e propostas culturais. Qual não é o meu espanto quando, contrariamente às minhas expectativas, me deparo com um arguente que tinha preparado um discurso ininterrupto de mais de 15 minutos e que impossibilitou qualquer tentativa de diálogo, por parte do candidato. Qual não foi o meu espanto, quando constato que, em vez de um debate saudável de ideias e propostas e de uma discussão imparcial de uma tese de mestrado, tinha ido assistir a um ataque pessoal e político, ao mais baixo nível! Qual não foi o meu espanto ao perceber que afinal o arguente não era assim tão imparcial e justo, como eu humildemente considerara. Que grande desilusão foi aquela tarde, naquela “sofrível” defesa de mestrado!
    Deixo-lhe uma pergunta, Sr. Candidato, a si, que ao contrário dessa gente jovem, com pouca experiência, que anda por aí, e ousa fazer propostas não exequíveis, tem tanta experiência na área e tantas provas dadas ao longo de tantos anos de trabalho em prol do desenvolvimento e prosperidade desta terra. Não acha que o que precisamos são dirigentes mais abertos a novas ideias, propostas, sugestões, mudanças e menos fundamentalistas?

    Cumprimentos e boa campanha!

    Cátia

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  2. Obrigado, amigo José!

    A situação que a "cátia" descreve é, de facto, intolerável e inadmissível. Talvez possa ser um pouco mais explícita (desde que se identifique adequadamente, bem entendido...).

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  3. Caro Santiago,
    Considerei a identificação apenas com o primeiro nome suficiente, uma vez que a intenção foi apenas a de partilhar um exemplo da minha vida académica, aliás, tal como o Santiago fez.
    Constato, com agrado, que temos opiniões semelhantes no que ao tema diz respeito. Intolerável e inadmissível parecem-me termos adequados para classificar o episódio.
    Cumprimentos,

    Cátia Marques

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  4. Caro Santiago, sem querer mexer muito na referencia à tua condição de arguente na tal tese de Mestrado que consideras-te sofrível e que punha em causa “um determinado modelo de desenvolvimento cultural e propunha duas dezenas e meia de iniciativas que trariam todas as soluções, para todos os problemas”, mas sempre aproveitando para dizer que a dita tese pode ter sido sofrível (não tive oportunidade de assistir) mas toca, no caso de Mértola, numa ferida que continua aberta que é a incapacidade de despir camisolas partidárias e vestir a verdadeira camisola a do desenvolvimento.
    Também não quero fazer grandes considerações á desilusão da “Catia” por aquilo que ela considera “um ataque pessoal e político, ao mais baixo nível” até porque foi ela que assistiu á dita apresentação e certamente lá terá as suas razões.
    Quero no entanto concordar plenamente contigo quando afirmas “Nestas alturas pré-eleitorais não faltam os vendedores de promessas, os salvadores da pátria, os que tudo sabem e que têm todas, mas mesmo todas as soluções.” Ou quando referes “Surpreendo-me, por isso, com a atitude daqueles que, depois de décadas de alheamento em relação aos problemas do concelho, agora descobrem não só o interesse pela política como parecem ter soluções para todos os problemas. Só nos falta clamar, humildemente, “milagre! milagre!” ante tantas propostas e tantas soluções.” Concordo plenamente pois o mesmo se passa em Mértola neste momento, bastando para fazer tal confirmação ouvir as intervenções do candidato local da CDU – Miguel Bento com propostas milagrosas e soluções mirabolantes para os problemas do Concelho e fazendo tábua rasa daquilo que com defeitos mas também com algum mérito tem sido feito pela autarquia. Camisolas erradas vestidas num território como o nosso confundem as equipas e os jogadores e os resultados são pela certa menos interessantes.
    Pelos vistos é um efeito de espelho entre a tua realidade ai em Moura e a nossa aqui em Mértola.
    Carlos Viegas - Mértola

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  5. Cara "cátia marques"
    O seu comentário continua a ser anónimo. Não basta acrescentar um apelido para anular o anonimato.
    Resta-me convidá-la a, identificando-se adequadamente, denunciar o local onde ocorreram tão censuráveis factos.

    Caro Carlos Viegas
    Não uso, fora da minha atividade política, camisolas partidárias. E enquanto autarca essa camisola não está em primeiro lugar.
    Como bem sabes, as questões da política mertolense não têm lugar no meu blogue... E já aqui vão mais de 2600 posts.

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