sábado, 13 de julho de 2013

FLAGRANTES DA VIDA REAL - II


Por motivos que têm a ver com o ano de 1981, e que amanhã contarei aqui no blogue, recordei-me hoje de uma história passada nesse ano, durante a minha primeira viagem a Marrocos. Uma daquelas que podia ter saído de um filme de Pedro Almodovar.

A visita de jovens portugueses a esse país do Magrebe era coordenada, pela parte dos anfitriões, por um técnico do Ministério da Juventude e dos Desportos. A dada altura percebeu-se, de modo indubitável, que o senhor Daoudi estava perdidamente apaixonado por uma moça da nossa comitiva. Uma jovem roliça e simpática, de 25 anos, que fingia não perceber os tímidos e educados avanços do senhor Daoudi. Um belo dia, à chegada à Rabat, o nosso guia não resistiu e indicou um edifício "este é  o novo quartel dos bombeiros de Rabat", para depois, com olhos de carneiro mal-morto, concluir "o lugar ideal para todos os que têm o coração em chamas". Muitos, entre os quais eu, não contiveram as gargalhadas, ante o olhar, furioso e encabulado, do senhor Daoudi. A Ana manteve-se impassível.

Aqui vai, para o senhor Daoudi, que espero que esteja de boa saúde, uma canção interpretada por Javier Solis (1931-1966), extraordinário artista mexicano prematuramente desaparecido.

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