terça-feira, 27 de agosto de 2013

ÁZZ PIRAMIDIZZ DUSS AÇÔRIZZ


Leia-se o título com sotaque brasileiro, sff. No mesmo tom enfático da locução dos "complementos" que, há muitos anos, antecediam nos cinemas, os filmes que, de facto, queriamos ver. Os complementos, na realidade documentários de média metragem, versavam sempre temas de natureza de regiões remotas. Ouviamos coisas como tôduzz uzz anuzz milháris e milháris dji antilupizz átrávesamm azz sávánazz du Kénia!

A que propósito vêm aqui ázz piramidizz duss Açôrizz? É que voltaram a "descobrir" vestígios pré-portugueses. Civilizações antigas, ligações aos Maias, mais um passinho e estamos na Atlântida... É um fenómeno cíclico, alimentado por jornalistas pouco informados que, com toda a probabilidade, leram na juventude as obras de Louis Pauwels, Jacques Bergier e Erich von Daniken. Um must da astropsicovigarice, que conheceu grande sucesso na década de 1970. O ponto alto foi o filme Eram os deuses astronautas?, que motivou animados debates em frente ao pavilhão 1 do Liceu de Queluz. As teses mais divertidas eram as da malta do MRPP, que sustentavam que aqueles filmes eram manobras capitalistas para alienar as massas.

Andam os espíritos inflamados por causa das pirâmides dos Açores. Haja calma. Sempre são mais inofensivas que as outras, as do Ponzi. E do ponto de vista arqueológico bem melhores que outras coisas que ainda hoje me traumatizam. Como a escavação da alcáçova de Moura, em 2003, em que levámos três dias a tirar do terreno caca de cão...

Longa vida, pois, ázz piramidizz duss Açôrizz.

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