sábado, 7 de setembro de 2013

MAALOULA - A TRAGÉDIA ANUNCIADA

"Já estive naquela rua". A frase saiu-me, de forma automática e impensada, ontem, à hora do almoço, no Pérgola. Houve um ar de surpresa e incredulidade nos que me acompanhavam. As imagens do telejornal corriam rapidamente, sem som. Mostravam uma cidade, algures na Síria. Tinha a certeza de ter passado naquela rua. Ou talvez não, às tantas já duvidava. A incredulidade manteve-se.

Hoje tive a trágica certeza que as imagens mostravam mesmo a entrada de Maaloula, uma cidade nas montanhas do Antilíbano. Passei lá no dia 4 de outubro de 2003, dia em que fiz a fotografia que aqui vos deixo. Havia cruzes e imagens da Virgem por toda a parte. No alto, o santuário de Santa Tecla era local de peregrinação. Um grupo de goeses fazia as suas orações. No santuário rezava-se em árabe. Segundo se diz, uma parte da comunidade fala aramaico, a língua de Cristo. O António Cunha divertia-se a contar as cruzes. O nosso motorista, Fahd Kanara, procurava a mesquita local. Que acabou por encontrar, no fundo do vale, quase fora da cidade...

Luís Filipe Castro Mendes transcreveu hoje, no seu blogue Tim Tim no Tibete:

"Enquanto John Kerry viajava para a Europa à procura de apoios para atacar a Síria, os rebeldes entravam em Malula, cidade cristã a 50 quilómetros de Damasco e onde ainda se fala aramaico. Utilizando altifalantes, os rebeldes instaram os cinco mil habitantes de Malula a converter-se ao islão se queriam continuar vivos".

Permito-me recordar as preocupações que manifestei há mais de um ano (v. aqui) bem o artigo que escrevi para o Público em agosto de 2012.

A agressão americana à Síria prepara-se à margem do Direito Internacional. A Europa está de gatas e sem liderança.

Rezem pelos cristãos da Síria.


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