Entre os sete municípios com maior
taxa de desemprego contam-se cinco liderados por câmaras municipais
socialistas. Deve tal facto ser motivo para um ataque a essas câmaras? À
partida, não me parece que seja essa a atitude mais correta. Atribuir estas
responsabilidades às Câmaras seria o mesmo que dizer que o elevado crescimento
do desemprego que se tem verificado no país, resultaria do somatório das opções
dos 308 municípios e não das consequências das politicas económicas e
financeiras aplicadas...
Escrevo estas
linhas depois de um comunicado que a comissão política local do PS fez
publicar, atacando com violência, mas com pouco tino, a Câmara de Moura.
Justamente por causa da alta taxa de desemprego que temos no nosso concelho. É
bem sabido que as políticas de emprego dependem, em grande medida, daquilo que
são as diretrizes governamentais e daquilo que são os investimentos do Poder
Central. Não se torna uma região do interior atrativa encerrando postos da GNR,
serviços de finanças, tribunais, correios, carreiras de autocarros, escolas,
unindo freguesias etc. Ou obrigando as autarquias a extinguir postos de
trabalho.
Gostaria de recordar que as
políticas de cumplicidade com a troika começaram com o acordo assinado pelo
Partido Socialista. Gostaria de recordar que, na sequência desse acordo, a
Câmara Municipal de Moura teve cortes de mais de 4 milhões de euros. O que,
naturalmente, não pode deixar de se fazer sentir nos investimentos que deixam
de ser feitos e nas dificuldades que coloca à qualidade de serviços prestados
às populações.
Mais do que
responder a disparates importa aqui perguntar:
- Que soluções apresentou, no domínio do
desenvolvimento, para o concelho de Moura na última década e meia?
- Que medidas concretas apresentaram os seus
vereadores ao longo deste tempo?
- Que alternativas foram criadas pelo PS, a nível
regional ou local?
A resposta é, para todas as
perguntas “ZERO”. O processo da central fotovoltaica e da fábrica de painéis
solares são disso exemplo. Um investimento de mais de 300 milhões de euros
mereceu constantes dúvidas e abstenções e votos contra em reuniões de Câmara.
Um vereador do PS diria, depois, que “as tomadas de posição por unanimidade,
características de países totalitários e fascistas, não me parecem ser uma
mais-valia em regimes democráticos”. Parece brincadeira, mas não é. Aconteceu
mesmo.
Ao longo destes
anos temos, de forma empenhada, apoiado o investimento e os investidores.
Através de mecanismos como o FAME ou o PRATA. Pelo trabalho na Zona Industrial
de Moura, cujas recentes intervenções somam mais de um milhão de euros. Pelo
investimento nas infra-estruturas do Campo da Feira, em Moura. Pela criação de
espaços comerciais nos Quartéis. Pelo lançamento da obra das Cancelinhas, na
Amareleja e pelo concurso, finalmente, da Zona Industrial da Amareleja. Pelas
feiras que promovemos. Pelo apoio à AMPEAI e à APIVALE.
Há gente que só
agora, de forma um tanto tardia, chega à política. Que desconhece a realidade
local. E que acha que vale tudo numa eleição: lançar promessas demagógicas (de
empregos, de casas, de subsídios, de mais obras etc.) sem nunca fazer contas
nem explicar como se estrutura o trabalho.
A confusão que impera na
candidatura socialista é visível. As propostas até agora apresentadas ao
eleitorado do concelho são disso uma evidência. Começaram por dizer que têm
como prioridade rever um regulamento que nem sequer existe. Passaram depois a
garantir que irão reforçar o apoio ao ensino profissional numa entidade que o
não tem. Argumentam agora com o desemprego, fazendo cair a sua responsabilidade
na Câmara Municipal, entidade que tem, por todos os meios, tentado criar
alternativas de emprego no concelho. Das duas, uma: coisas destas dizem-se por
ignorância ou por incompetência.
Continuam a ser os
mesmos de sempre. Sem uma única ideia concreta nem clara. A não ser a de
pensarem que em política vale tudo. Não vale, como bem sabemos. Os mourenses
também sabem.
Crónica publicada no jornal "A Planície" de hoje.
Crónica publicada no jornal "A Planície" de hoje.
O concelho de Moura não é isto. Isto é o deserto. É o palmar de Kerzaz, no Sahara. Magnificamente fotografado por George Rodger, em 1957.
Comentário de enquadramento à legenda da foto:
ResponderEliminar"Mas é o deserto das ideias".
LT