Recordo-me perfeitamente, tanto da final como da finalíssima. Foi nos dias 15 e 17 de maio de 1974. Na primeira houve um empate: 1-1 (marcou o já falecido Luis Aragonés). Na segunda o Bayern esmagou os colchoneros. No dia 24 estarei a torcer pelo Atleti. Uma velha tradição lá de casa.
Faz hoje trinta anos (meu Deus!) que terminou o Encontro com os Mestres Construtores, em Noudar. Por razões de ordem "técnica", que prefiro não revelar e que são do conhecimento dos meus amigos que por lá andavam, não estive presente no último dia do encontro. Verdadeira festa que envolveu historiadores, pedreiros, arquitetos, arqueólogos etc. foi um momento único no percurso do Campo Arqueológico. Aprendizagem, estudo, ação, escavação, escrita, participação, fotografia, conflito (sim, também...) numa das grandes iniciativas orquestradas por Cláudio Torres.
Como é que ele se lembrou disto? Não me lembrei, confesso. Foi o António Carlos Silva quem me veio recordar há pouco estes dias absolutamente inolvidáveis.
Nem sequer é dos meus musicais preferidos. Fred Zinnemann fez bem melhor. No entanto, este filme de 1955 surge aqui (é a cena final que se reproduz) em homenagem ao seguidismo de muitos órgãos de comunicação nacionais. Há dois dias houve mais uma tempestade no Arkansas e no Oklahoma. Casas destruídas, tornados etc. Tivémos direito a profusas e irrelevantes informações sobre o tema. Nada de original. Temos, ciclicamente, direito a explicações sobre os nevões em Chicago e sobre as cheias em Arnold City.
Oklahoma! é, por razões circunstanciais, a escolha cinéfila da semana. Ainda que, admito, o trabalho de Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II valha mesmo a pena.
Não sou adepto do Barcelona (nem por sombras), nem tinha especial admiração por Daniel Alves. Não tinha, mas agora tenho. À grosseria racista respondeu com humor e desplante. A atitude de comer a banana teve qualquer coisa de interação artística. Um gesto pop, se quiserem. Aqui vai, para Daniel Alves, a capa do célebre The Velvet Underground & Nico, com a banana desenhada por Andy Warhol.
Tenho para mim que o desprezo com que o futebolista reagiu ao insulto fez mais pela luta antiracista que dez manifestações e quinze colóquios. A verdade é que hoje não se falou de outra coisa. A solidariedade para com o jogador brasileiro é generalizada. Os vídeos que mostram a cena somam mais de 500.000 visualizações no youtube...
Brancas,Azuis,Amarelas E pretas Brincam Na luz As belas Borboletas
Borboletas brancas São alegres e francas.
Borboletas azuis Gostam muito de luz.
As amarelinhas São tão bonitinhas!
E as pretas, então . . . Oh, que escuridão!
Comece-se a semana quebrando a monotonia de que, no outro dia, alguém me acusou de estar a invadir o blogue. Porque havia pintura a mais. Ora essa... A pintura faz parte do Avenida desde 29.12.2008. Emblematicamente, começou com "A ilha dos mortos" de Arnold Böcklin. Mas já que a pintura pode parecer monótona, aí vão borboletas. As de Werner Bischof, mais marotas, e as de Cecília Meireles, mais inocentes.
Companhia matinal desta bela ideia da RTP/RDP. Uma ou duas vezes por semana "acompanho" a saga de quem, ora para muito perto, ora para muito longe. Histórias lusitanas, na primeira pessoa. Relatos impressivos de que mudou de vida ou foi mudado pela vida.
Amanhã, bem cedo, voltarei a encontrar portugueses pelo mundo.
Tive, no dia 24, o grato prazer
de entregar, à Escola Secundária de Moura, a Medalha de Honra do Município
de Moura, que foi recentemente atribuída aquele estabelecimento de ensino. É
uma forma de reconhecer o labor de todos quantos ali trabalharam
e contribuíram para o progresso do concelho. A Escola Secundária é uma
referência para todos nós (incluindo os que, como eu, não a frequentaram). A
entrega da Medalha de Honra tem lugar quando se assinalam os 50 anos da inauguração das "atuais instalações". E no momento em que as "atuais instalações" estão em adiantada modificação, prevendo-se a reabertura plena no próximo outono.
Ver: http://www.esmoura.com
As fotografias têm,
naturalmente, significados diferentes. Na de cima entrego ao Professor José
Paulo Coelho, Diretor da Escola Secundária de Moura, a Medalha de Honra do
Município.
A de baixo é marcadamente pessoal. Data de 1968 e
foi feita no antigo átrio de entrada da Escola Industrial e Comercial,
onde a minha mãe trabalhava. À esquerda está o autor do blogue, com um ar um tanto
enfiado. A jovem pouco atenta à fotografia é a minha irmã Júlia.
Economics is extremely useful as a form of employment for economists. John Kenneth Galbraith
In the long run we are all dead. John Maynard Keynes
Conservatives are not necessarily stupid, but most stupid people are conservatives. John Stuart Mill
Economics has never been a science - and it is even less now than a few years ago. Paul A. Samuelson
We should not skin a rabbit before it is hunted. Pedro Passos Coelho, or Peter Steps Rabbit, if you prefer, in his own words. Of course not. But he should improve his sound bites...
Por norma, não coloco tantas imagens num post. Faço-o, por justificadas razões. Aqui vos deixo seis imagens de pinturas de um jovem e talentoso pintor da minha terra. O Francisco tem 15 anos e pinta com naturalidade e espontaneidade o que vê. Já por duas vezes disse ao José, que é pai do Francisco, que a Câmara de Moura gostaria de expor os trabalhos dele. Acho que ele não me levou a sério. Pode ser que seja desta.
O que me parece mais interessante é o tom expressionista das pinturas, duvidando eu que o Francisco se tenha debruçado sobre o tema. Mas não me espantaria que, uma vez mais, eu estivesse errado. Tal como acho invulgar a expressão plástica do bicho, muito próxima do tratamento dado aos zoomorfos dos mosaicos orientais da Antiguidade Tardia. Como é que é possível?, interrogo-me.
Drone - an aircraft without a human pilot aboard. Its flight is controlled either autonomously by onboard computers or by the remote control of a pilot on the ground or in another vehicle. The typical launch and recovery method of an unmanned aircraft is by the function of an automatic system or an external operator on the ground.
Soa bem, não soa? Claro que sim. E até funciona. Salvo se for um drone português. Aí a tecnologia high-tech passa a ai teque.
Ao ver este espetacular lançamento lembrei-me de três coisas:
* A tese do João Macias está cientificamente provada: nenhum avião fica lá em cima;
* Os aviões de papel do Vitor Magalhães (AZAVA), dos meus tempos de liceu, eram inexcedíveis e voavam mais que um drone;
* Os aviões de papel são mais baratos que um drone (300.000 euros custa o brinquedo), ainda que este seja mais divertido.
E fiquei com duas dúvidas:
* O militar usa passa-montanhas por uma questão de estilo ("alô, aqui agente secreto xis-batata") ou porque, sabendo o que a casa gasta, desconfiou que aquilo ia dar barraca e achou melhor passar incógnito?
* Isto foi tudo encenado e, em tempos de crise, vale tudo para a malta ter uns segundos de relax...
A escolha cinéfila desta semana não é exatamente um filme. Ainda por cima, as encenações de Jean-Pierre Ponnelle nunca me entusiasmaram. Mas este Barbeiro de Sevilha traz-me gratas recordações. Gravado em 1974, passou na televisão portuguesa (sim, isso acontecia) por volta de 1978 ou 1979, em horário nobre (sim, isso também acontecia). Teresa Berganza (n. 1935) estava no máximo das suas capacidades. E Hermann Prey (1929-1998) era um barítono de primeira qualidade, e que parecia talhado para este papel. Diverti-me imenso e fiquei rossiniano...
Largo al factotum? A expressão é-me familiar. Por várias razões.
Há outra "versão", menos séria, a de Tex Avery, que a minha amiga Luísa prefere (v. aqui).
Em "homenagem" a investigações da treta. Post em dia de pausa (relativa). Era um académico respeitado, com estudos no domínio da zoologia. Em determinado ponto da sua carreira dedicou-se à Arqueologia e à Epigrafia, com destaque para (ó não!) os sempre palpitantes contactos entre as civilizações pré-colombinas e o mundo antigo. A astropsicovigarice com roupagem de Harvard.
Não escreveria este post se Barry Fell não tivesse dedicado uma das suas investigações a uma inscrição de Ourique. O trabalho foi publicado com o título A Celtiberian (Gadelic) Law-Tablet from Ourique, Portugal. Tudo bem? Não. Tudo mal. É que a inscrição celtibérica é "apenas" um texto árabe virado de pernas para o ar... Coisas que acontecem a quem tem vontade, mas não tem preparação.
Carmen Barceló e Ana Labarta, em artigo publicado na revista al-Qantara, desfizeram o equívoco...
E três anos, onze meses e onze dias depois (v. aqui) o Benfica é, de novo, campeão nacional de futebol. Pela 33a. vez. O sócio 182908 (eu) vai festejar.
A artista plástica
checa Kintera Krištof (n. 1973) concebeu este Ressurection
em 2011. Os caminhos e os cânones da arte religiosa passaram por muitas
transformações. E andam hoje por visões onde uma abordagem irónica dos temas os
afasta do tema e dos sentimentos que lhe deram origem. A verdade também é
que a arte religiosa mudou, decisivamente, a partir do momento em que
mudaram os seus encomendadores habituais.
Antes do Aleluia (1907) é obra do brasileiro Arthur Thimóteo da Costa (1882-1923). Entre sexta e domingo, este dia é o menos representado da Páscoa. Daí a curiosidade da obra deste pintor, que andou entre o pós-impressionismo e o naturalismo.
O quadro está no Museu de Belas-Artes do Rio de Janeiro.
Poucos livros, muito poucos mesmo, me
deixaram tão fundas marcas como Cem anos desolidão e Crónica de uma morte anunciada. O primeiro
data de 1967 (li-o em 1983), o segundo de 1981 (li-o talvez em 1984). Tenho
recordações precisas do primeiro, folheado com prazer nas noites de Mértola,
depois de um dia de escavações.
Começa assim o primeiro:
Muchos años después, frente al pelotón
de fusilamiento, el coronel Aureliano Buendía había de recordar aquella tarde
remota en que su padre lo llevó a conocer el hielo. Macondo era entonces una
aldea de veinte casas de barro y cañabrava construidas a la orilla de un río de
aguas diáfanas que se precipitaban por un lecho de piedras pulidas, blancas y
enormes como huevos prehistóricos. El mundo era tan reciente, que muchas cosas
carecían de nombre, y para mencionarlas había que señalarías con el dedo. Todos
los años, por el mes de marzo, una familia de gitanos desarrapados plantaba su
carpa cerca de la aldea, y con un grande alboroto de pitos y timbales daban a
conocer los nuevos inventos. Primero llevaron el imán. Un gitano corpulento, de
barba montaraz y manos de gorrión, que se presentó con el nombre de Melquiades,
hizo una truculenta demostración pública de lo que él mismo llamaba la octava
maravilla de los sabios alquimistas de Macedonia.
E assim o segundo:
El día en que lo
iban a matar, Santiago Nasar se levantó a las 5,30 de la mañana para esperar el
buque en que llegaba el obispo. Había soñado que atravesaba un bosque de
higuerones donde caía una llovizna tierna, y por un instante fue feliz en el
sueño, pero al despertar se sintió por completo salpicado de cagadas de
pájaros. «Siempre soñaba con árboles», me dijo Plácida Linero, su madre,
evocando 27 años después los pormenores de aquel lunes ingrato. «La semana
anterior había soñado que iba solo en un avión de papel de estaño que volaba
sin tropezar entre los almendros» me dijo. Tenía una reputación muy bien ganada
de intérprete certera de los sueños ajenos, siempre que se los contaran en
ayunas, pero no había advertido ningún augurio aciago en esos dos sueños de su
hijo, ni en los otros sueños con árboles que él le había contado en las mañanas
que precedieron a su muerte.
Li os dois em português. Dei-me conta, anos mais tarde, da dificuldade de certas passagens do castelhano caribenho do autor. Para sempre, reterei a importância da fluidez da escrita. E a extraordinária importância de escrever bem. Daí o insuperável prazer que autores como García Márquez nos dão. É a diferença entre autores como ele e outros menos dotados.