segunda-feira, 1 de setembro de 2014

HERDADE DOS MACHADOS

Uma parte da minha família trabalhou na Herdade dos Machados. Muitas das minhas primas (do lado materno) ali viveram e ali deixaram os anos mais produtivos da sua existência. Várias vezes ali fui, em miúdo. A viagem fazia-se até à pequena estação ferroviária da herdade.

Não foram, contudo, recordações familiares que ali me levaram, esta tarde, mas sim uma ação de solidariedade para com os cerca de 50 rendeiros que ainda ali desenvolvem a sua atividade. A Câmara Municipal aprovou, na passada semana, uma moção que apresentei, apoiando a luta dos rendeiros. Hoje, teve lugar no Cerro das Pedras uma reunião extraordinária da Câmara. A que se seguiu um plenário, em plena Praça Sacadura Cabral. A participação da autarquia ocorreu, neste último caso, a convite da Comissão de Rendeiros. Intervieram ainda um representante da Confederação Nacional de Agricultura e o deputado João Ramos, do PCP.

A situação é absurda. Num ano em que tanto se fala em agricultura familiar, numa altura em que se luta, desesperadamente, contra o abandono dos campos, numa época em que se tenta promover a atividade económica, o governo, pela mão da ministra Assunção Cristas, não encontra melhor forma de promover a economia, a agricultura e o emprego do que pondo fora os rendeiros.

Esta luta não se faz contra ninguém, sublinhámos. Mas sim pelos rendeiros. Citei, na reunião de Câmara, duas obras de grande importância: O capital, de Karl Marx, e o Antigo Testamento. A primeira por causa da oitava secção, referente à acumulação primitiva de capital. A segunda, pelas profusas referências à agricultura. Do Antigo Testamento li excertos do Génesis, do Êxodo e do Levítico. Estou em crer que a Assunção Cristas, católica praticante, expressões como justiça social ou palavras como solidariedade e fraternidade não serão completamente alheias.


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