segunda-feira, 15 de setembro de 2014

PROSKYNESIS

Depois de cruzar o Augusteum, o imperador chegava ao vestíbulo sudoeste da Grande Catedral e passava debaixo do seu mosaico. No narthex interior de Hagia Sophia, encontrava-se com o Patriarca. Continuavam juntos em direção à Porta Imperial, a mais alta e, simbolicamente, a mais importante, que estava reservada ao imperador. Fazendo uma pausa neste local, o Patriarca pronunciava uma oração e fazia três vezes a proskynesis. Depois de completada a oração, os dois homens e os seus séquitos passavam, numa verdadeira parada, em direção ao santuário.


Lembrei-me desta conhecida descrição da entrada do imperador bizantino em Santa Sofia, depois de assistir ao desfile de funcionários da ASAE, das Finanças e da Segurança Social. Uma parada em tom oriental, na passada sexta-feira. À margem da Câmara Municipal e da própria PSP.

Continuo a ter a convicção que o papel fiscalizador e moralizador da ASAE, das Finanças e da Segurança Social é absolutamente insubstituível. Mas, em casos como este, a componente pedagógica tem de sobrepor-se à repressiva e à intimidatória. Quem foram os alvos na passada sexta-feira?

As contas e a faturação das Comissões de Festas e das Coletividades, entidades cuja vida não é propriamente de luxo ou ostentação.

Vivemos num País onde é mais fácil vigarizar o Estado em milhares de milhões do que em contribuir, de forma voluntária e desinteressada, na promoção de uma festa ou desenvolvimento de uma coletividade.

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