Se eu fosse apenas
Se eu fosse apenas uma rosa,
com que prazer me desfolhava,
já que a vida é tão dolorosa
e não te sei dizer mais nada!
Se eu fosse apenas água ou vento,
com que prazer me desfaria,
como em teu próprio pensamento
vais desfazendo a minha vida!
Perdoa-me causar-te a mágoa
desta humana, amarga demora!
– de ser menos breve do que a água,
mais durável que o vento e a rosa...
Cecília Meireles partiu há 50 anos. O título do post foi roubado ao artigo de Vasco Rosa, no Observador de ontem. A autora está hoje meio esquecida do grande público. Os seus poemas têm marcado presença regular aqui no blogue. Por uma simples razão. Sou particularmente tocado pelo lirismo musical das palavras de Cecília. Pela sua poesia suave e aparentemente simples.
Hoje, dia de pausa curta, melhor me sabe a leitura dos seus poemas. E fazer esta evocação.
Ver: http://observador.pt/especiais/grande-cecilia/
Cecília Meireles, por Arpad Szenes
Não te aflijas com a pétala que voa:
ResponderEliminartambém é ser, deixar de ser assim.
Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.
Também gosto muito dos poemas da Cecília...