sábado, 22 de novembro de 2014

ENTRE MINUETES, MINARETES, CIDADES E SONS

Em minarete
Mate
Bate
Leve
Verde neve
Minuete
De luar.

Meia-noite
Do Segredo
No penedo
Duma noite
De luar.

Olhos caros
De Morgada
Enfeitava
Com preparos
De luar.

Rompem fogo
Pandeiretas
Morenitas,
Bailam tetas

E bonitas,
Bailam chitas
E jaquetas,
São de fitas
Desafogo
De luar.

Voa o xaile
Andorinha
Pelo baile,
E a vida 
Doentinha
E a ermida
Ao luar.

Laçarote
Escarlate
De cocote
Alegria
De Maria
La-ri-rate
Em folia
De luar.

Giram pés
Giram passos
Girassóis
Os bonés,
Os braços
estes dois
iram laços
o luar.

Colete
Esta virgem
Endoidece
Como o S
Do foguete
Em vertigem de luar.

Em minarete
Mate
Bate
Leve
Verde Neve 
Minuete
De luar.


Um Alentejo português, o de Dórdio Gomes (1890-1976), o de Almada Negreiros (1893-1970). Évora e, na poesia, outras sugestões do sul. Lembrei-me de Dórdio Gomes, nem sei bem porquê... Ainda por cima, em jovem detestava a sua pintura. Agora já não. Na poesia lê-se uma velocidade que a pintura não tem.

Evocações num dia marcado pelo circuito Moura-Safara-Amareleja. A passagem do tempo, a morte e a paisagem alentejana andaram pelo meu dia.

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