terça-feira, 23 de dezembro de 2014

QUASE NATAL

É quase Natal. Sem o calor tropical de Gauguin, aquele homem estranho que deixou a sua vida de classe média para trás, foi renegado pela família e nunca mais voltou à pátria de origem. Nós somos, por vezes turistas. Gauguin era um viajante. Foi sem saber se regressaria. Não regressou.


É mais fácil de longe imaginar
o que seria ter-te aqui presente
do que seria ter-te e não saber
com que forma de corpo receber-te.
Talvez um amplo véu oriental
ou o brilho mental de uma armadura
me deixassem arder sem ser molesto
no lume horizontal de uma figura.
Se te vejo, já está o meu desejo,
enquanto estavas longe, satisfeito;
no teu olhar encontro tudo quanto
à altura de amor é mais perfeito.
E no entanto, perto, fico incerto
se não é melhor bem o que imagino.

Poema de António Franco Alexandre

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