segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

ALGUÉM SABE O QUE É A ESCÓCIA?

Foi há quase 30 anos. A turma daquela pós-graduação da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa era multifacetada e dali iriam sair algumas figuras notáveis (o escriba não se inclui no grupo). As aulas eram variadas e interessantíssimas. Houve alguns momentos de "terror" à mistura. Lembro-me, de forma recorrente, de um. A aula era com o Prof. Frederico George (1915-1994), arquiteto de grande prestígio e nome maior da Academia. Explicava, fazendo esquemas a giz no quadro. Esquiçou uma coluna. A dada altura, virou-se para nós e fuzilou "alguém sabe o que é a escócia? e vejam lá o que vão responder, se fazem favor". Olhou para mim fixamente e pensei "vai-me perguntar a mim e é uma barraca...". Eu sabia que a escócia era uma moldura na base de uma coluna, mas seria incapaz de a localizar, com precisão. Ninguém, numa turma de 25, respondeu. O Prof. George fez um sorriso escarninho e disse, em voz baixa mas percetível, algo como "antes éramos obrigados a saber estas coisas".

Agora já sei, e não esquecerei, o que é a escócia... Com o Prof. Frederico George, e com outros, aprendi a importância do rigor. Aliada à importância, que não é menor, da capacidade de reconhecimento do erro e da necessidade de melhorar em cada momento. Coisa que nem sempre se consegue.

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