terça-feira, 14 de julho de 2015

O DECLÍNIO DO INTERIOR

Por várias vezes tenho abordado este assunto. Em novembro de 2013 escrevi, num artigo/carta a um jovem “o concelho [de Mértola] perdeu, nos últimos cinquenta anos, 72% da população que tinha. Sim, leste bem, 72%. Não ligues a demagogias de momento. A culpa não é da Câmara PS, tal como antes a culpa não foi da Câmara CDU. Precisamos de um pouco mais do que de momentâneas demagogias para explicar o que se passa no interior deste nosso País”.

O problema é estrutural e o padrão fácil de constatar. Mais difícil de explicar de forma detalhada e muito mais complicado de resolver. O interior despovoa-se? É um facto. Quanto mais periférico e/ou raiano o concelho, pior é a situação. Todos os concelhos destas terras esquecidas pelos homens se afundam e perdem população. Comparando com os censos de 1960 (quando um Portugal ainda agrícola atinge o pico demográfico) eis a perdas do censo de 2011:

Moura: – 48%
Serpa: – 52%
Barrancos: – 43%
Mértola: – 72%
Ferreira do Alentejo: – 45%
Alvito: – 48%
Cuba: – 35%
Vidigueira: – 44%
Ourique: – 64%
Almodovar: – 54%
Aljustrel: – 49%
Castro Verde: – 37%

Se compararmos Moura com outras duas cidades alentejanas da mesma dimensão temos:
Estremoz: – 38%
Montemor-o-Novo: – 53%

Se passamos ao interior algarvio raiano o resultado é este:
Alcoutim: – 69%

Se subimos ao longo da raia, o panorama piora:
Idanha-a-Nova: – 68%
Penamacor: – 66%
Sabugal: – 67%
Almeida: – 55%
Mogadouro: – 55%
Vinhais: – 66%

Eis os números, em toda a sua frieza. Podemos, nas autarquias, fazer todos os contorcionismos. Só com o nosso esforço, não vamos lá… São necessárias políticas nacionais de desenvolvimento e de justiça social para combater estas (e outras) assimetrias…

A abandonada aldeia de Safira, no Alto Alentejo

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