Amanhã escreverei para a Fundação Francisco Manuel dos Santos. Não para qualquer insulto, que seria gratuito e de mau tom, mas para propor um livro sobre o Alentejo. Que permita dar visões contrastadas sobre a nossa região. Mas que fujam ao delírio e à irrealidade. O título até pode ser roubado à grande obra de John Berger e tudo. Ora leiam as declarações de Henrique Raposo sobre o seu livro "Alentejo Prometido" a um canal televisivo:
"ia ver uma luz debaixo de chaparro" (momento capelinha das aparições do livro)
"os alentejanos nem sequer têm linguagem"
"as alentejanas antigas nem sequer tinham a palavra violação"
"não havia conceito de criança"
"o suicídio é como se fosse um fenómeno natural (...) é chato mas acontece"
"os laços de comunidade são fortes no norte, são fraquíssimos no sul"
"os malteses são uma espécie de cowboys [que matam]"
"um pequeno almoço que era um manjar, linguiça com ovo estrelado"
"uma cultura de desconfiança"
etc.
O jornalista, um imbecil de apelido Mendes, não lhe fica atrás: "quer dizer que eu não posso confiar num alentejano, se ficar sem gasolina em Alcácer do Sal?"
O problema do jovem Henrique Raposo não é a análise absurda que faz do Alentejo. O problema do moço é a sua profundíssima incultura. Não é uma questão de posicionamento ideológico, mas sim de desconhecimento da realidade.
Caro Santiago: Acho que estás a ver mal a questão. O problema dele, do Raposo quem... segundo a sua inclusiva e nervosa análise, é ser filho de alentejanos. No que ouvi da entrevista, o que há de mal nos alentejanos é não andarem à sacholada por causa de um rego de água (têm logo ali o pego de Alqueva, que tem água que nunca mais acaba, que chatice). Pegando nas palavras do velho Freud para justificar o mocinho: alguma garina, ali prós lados de Santiago, num baile de pinha, numa das suas visitas à família alentejana (mas das boas, tipo BES "bom"), lhe chamou tótó e o pôs a milhas. Mas o moço até é simpático e dentro de dias vem dizer que até tem muitos amigos que são alentejanos e a sua família é alentejana, etc., apesar de serem alentejanos diferentes, pois. Os alentejanos maus (como o BES tóxico)são os outros. Aqueles que passaram o pessoal a salto para a emigração e a fugir à guerra; que fizeram a reforma agrária; que se resignam a não partir as trombas, tipo malteses de há 50 anos (imagino que será a idade dos pais para alguém que tem 13), a vociferações destas. Mas o mais grave de tudo é que isto é uma préanuncio de alguém que está a cavar a sua própria sepultura. Mais tarde ou mais cedo vai suicidar-se. Não tem fuga possível. Está no seu ADN de alentejano. A conversa dele faz-me lembrar uma anedota que ouvi em S. João dos Caldeireiros há 30 anos (ao mesmo tempo que via o Ventoinha a comer copos de vidro por 20 escudos... uma espécie de suicídio a la longue). Um tipo de Lisboa, veio à terra dos pais, alentejanos de gema (dos bons, tipo BES bom), e num baile engatou uma miúda. Saem e vão para debaixo de um chaparro (os chaparros no Alentejo, ao contrário dos de Trás-os-Montes, não têm iluminação, uma espécie de luz, o que dá muito jeito para umas coisas, mas tira ao Alentejo a aura sagrada que deveria ter, tipo Fátima). O tipo baixa as calças e a moça começa a rir e foge. Ele, sem perceber muito bem o que se tinha passado, olha para a parte inferior do seu corpo, mais ou menos da cintura para baixo e, encolhendo os ombros, (não, não se suicidou porque não era alentejano) disse para os seus botões: Olha, já agora cago!
ResponderEliminarEsse tipo Henrique Raposo é um escroque.
ResponderEliminarEste Raposo, "jornalista" do Expresso, é mais um a confundir a estrada da Beira com a beira da estrada.
ResponderEliminarMas como é possível tanta ignorância ou tanta arrogância?
ResponderEliminarO homem tem uma demência
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