sexta-feira, 11 de março de 2016

SORRISO AUDÍVEL DAS FOLHAS


Sorriso audível das folhas 
Não és mais que a brisa ali 
Se eu te olho e tu me olhas, 
Quem primeiro é que sorri? 
O primeiro a sorrir ri. 

Ri e olha de repente 
Para fins de não olhar 
Para onde nas folhas sente 
O som do vento a passar 
Tudo é vento e disfarçar. 

Mas o olhar, de estar olhando 
Onde não olha, voltou 
E estamos os dois falando 
O que se não conversou 
Isto acaba ou começou?


A realidade multiplica-se e repete-se. Como nos espelhos de Borges, que serviram decerto de inspiração a Orson Welles. É nos dias mais densos que regresso a leituras antigas. E aos filmes amados.

Fernando Pessoa (no "Cancioneiro") e uma imagem do final de A dama de Shangai. Uma das mais belas e tensas sequências da História do Cinema. Recordo-a no blogue, no final de uma preenchida, e não menos tensa, semana.

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