Não será bem Mae West numa moagem antiga de Moura, mas aquele quadro elétrico há muito desativado sugere bem uma antropomorfização (bolas, que custa a dizer...). A visita, ontem de manhã, a um local que, há muitos anos, me foi familiar fez-me retornar ao passado. Ouvi, juro!, as máquinas a funcionar como em tempos que já lá vão.
A sugestão é, também, esta:
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
In Ode Triunfal (Álvaro de Campos)
O original de Salvador Dalí pertence ao Art Institut of Chicago.
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