quarta-feira, 20 de julho de 2016

TRAGÉDIAS NAS REDES SOCIAIS: DOS VERBOS REFLEXOS A LESLIE JONES

Não são as confissões inconfessáveis, nem os sítios de férias exóticas, nem as declarações de amor aos filhos. Nada disso. Há tragédias no facebook e no twitter: os verbos reflexos e a conjugação do verbo haver. Muito pior: há um sórdido racismo, sempre cobarde e à distância.

Ler coisas como "ontem há noite fui..." ou "haverão" ou "esse é um modelo de carro que já não á" são confrangedoras. Tal como o são constar as confusões entre "lembraste" e "lembras-te", "chamas-te" e "chamaste" etc.

Muito pior é ter de aturar a toda a hora bojardas racistas. A última revoada teve por alvo a comediante americana Leslie Jones. O cerne da questão está no seu aspeto "pouco convencional" (tenho a certeza que no meio de uma comunidade esquimó sou pouco convencional...), que motivou os mais horríveis insultos e a comparação com animais do zoo. Surpreendido não fico. Há uns anos, ao mostrar uma fotografia feita por mim em Bissau a uma mulher muito bonita, tive como resposta do meu interlocutor alentejano uma gargalhada "bonito? issooo?". Remeti-me ao silêncio e arrependi-me de ter mostrado a fotografia à pessoa em questão. A mulher guineense era, realmente, de uma beleza sem par, tal como Leslie Jones é uma muito bela mulher. A começar pelo esfuziante sorriso. E a continuar no resto...


Tentando escrever, sem facebook nem iPad.

Site da artista: justleslie.com

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