Esta fotografia gera unanimidade. Ninguém gosta dela. Bom, eu gosto. Não por ser minha, mas por recordar o momento solitário em que a fiz e em que, ao contrário do que é hábito, decidi que a escureceria até deixar visíveis só os juncos iluminados pela luz do fim da tarde. Lembrei-me dela ao ler há pouco alguns poemas de Drummond de Andrade.
Deus Triste
Deus é triste.
Domingo descobri que Deus é triste
pela semana afora e além do tempo.
A solidão de Deus é incomparável.
Deus não está diante de Deus.
Está sempre em si mesmo e cobre
tudo
tristinfinitamente.
A tristeza de Deus é como Deus:
eterna.
Deus criou triste.
Outra fonte não tem a tristeza do
homem.
Carlos Drummond de
Andrade in "As impurezas do branco"
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