sábado, 14 de outubro de 2017

SOB O SIGNO DE HEFESTO

Ontem foi o dia de concluir um projeto, há muito esboçado mas não verdadeiramente terminado. De Totalica à Adiça: 5000 anos de mineração é o nome da exposição que agora fica preparada. Um guião técnico que me deu particular prazer a redigir (é seguramente das quais que mais gosto de fazer, a sequenciação e a conceção de conteúdos). Andei dois dias sob o signo do deus grego Hefesto, aqui vestido por Rubens ao jeito do século XVII...

Entre minérios, metais e fogo andaremos. A exposição poderá ser inaugurada na primavera de 2018, assim se queira.


Fogo

Faísca luminar da etérea chama 
Que acendes nossa máquina vivente, 
Que fazes nossa vista refulgente 
Com eléctrico gás, com subtil flama: 

A nossa construção por ti se inflama; 
Por ti, o nosso sangue gira quente; 
Por ti, as fibras tem vigor potente, 
Teu vivo ardor por elas se derrama. 

Tu, Fogo animador, nos vigorizas, 
E à maneira de um voltejante rio, 
Por todo o nosso corpo te deslizas. 

O homem, só por ti tem força e brio 
Mas, se tu o teu giro finalizas, 
Quando a chama se apaga, ele cai frio.

Soneto de Francisco Bingre (1763-1856). Tela, datada de 1636, da autoria de Peter Paul Rubens (1577-1640). Encontra-se no Museu do Prado.

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