segunda-feira, 20 de novembro de 2017

QUANDO O ARDILA SECOU

Estas espantosas imagens datam de 9 de outubro de 2005. Havia eleições autárquicas nesse dia e eu tinha a firme a convicção que iriamos perder por causa da falta de água. O Ardila secara. Secara à maneira dos rios norte-africanos. Que, de algum modo, o Ardila também é. Secara mesmo, de todo. Nem uma gota de água no leito da ribeira. Que era o ponto de abastecimento para o consumo humano de cerca de 40% dos habitantes do concelho de Moura.  Boa parte da população continuava, a despeito de contínuos e angustiados apelos, a consumir alegremente, como se nada se passasse.

As crises são cíclicas. O nosso padrão de consumo é que se alterou radicalmente no decurso das últimas décadas. Felizmente, a nossa atenção aumentou. No início dos anos 80, no meio de uma seca preocupante, a imprensa estrangeira falava desse problema em Portugal. Dentro de portas, a Pátria divertia-se com um boato que corria sobre uma suposto ato sexual envolvendo um futebolista de origem guineense e uma cantora... Hoje, o tema não interessaria ninguém.

É dia 20 de novembro e continua sem chover.

Um Dia de Chuva

Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é.

Alberto Caeiro - "Poemas Inconjuntos"

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