sábado, 10 de fevereiro de 2018

O "EXPRESSO" EM RITMO CARNAVALESCO

Acho justo que os jornais participem ativamente no Carnaval. O "Expresso", por exemplo, publica hoje um texto de 11 (onze) páginas em que um indivíduo se diverte a zurzir Vasco Pulido Valente. Sem tem nem som, só porque sim. O zurzido justifica tal carinho? Não me parece que mereça tanta atenção, sinceramente. As razões do pequeno ódio não são evidentes. Comecei a ler o texto numa do "deixa ver o que isto dá". A despropósito, o autor lá vai dando umas caneladas no PCP. Nada de novo. A coisa ia correndo assim-assim quando, ainda mal a primeira página de texto estava vencida, leio "como quase toda a gente à esquerda, era [VPV] incapaz de reconhecer sem ambiguidades que o país cresceu económica e socialmente entre 1950 e 1973". Dou a primeira valente gargalhada. A partir daí, o tom burlesco toma conta da escrita e rimos até ao fim. Perto do final, há outra tirada hilariante: "se era compreensível que os seus complexos de esquerda o impedissem de constatar as melhorias verificadas entre 1950 e 1974 [avançou um ano, mas as razões não são claras] (...)".

Não faço ideia porque é que o autor do texto embirra com VPV. Agradeço, contudo, ao "Expresso" o facto de ter aderido ao espírito de Carnaval, possibilitando momentos desopilantes.

Duas notas de cariz mais pessoal, para os que têm a pachorra de seguir o blogue:
1. Terá, num dia não muito longínquo, que se escrever a História do antes e depois do 25 de abril. Insiste-se tanto nos dados económicos que se esquece que isso representou a criação de uma nova elite e não a criação de condições de vida minimamente decentes para a maioria da população. Qualquer tese fascizante (como a do autor do artigo) não resiste a uma análise séria. Quando nos lembramos do que era o abastecimento de água, o saneamento básico, o acesso à Educação, o acesso ao Desporto, o acesso aos cuidados de Saúde precisamos que nos expliquem o que quer dizer a expressão "melhorias verificadas".
2. Homem inteligente, Marcelo Caetano percebeu que a melhoria das condições de vida, quase indigentes, do funcionalismo público era parte da reforma a operar. Fê-lo em parte. Não teve espaço, ficou preso aos dogmas do Ultramar, desconfiava da Democracia e falhou. Soares teve o mérito de abrir Portugal ao espaço europeu, ajudando Portugal a integrar-se num mundo cada vez mais global? Teve. Os progressos na Saúde devem muito a Arnaut? Devem.  Nós, que tanto nos queixamos da Saúde, devíamos poder fazer uma viagem no tempo e aterrar no Hospital de Arroios em 1973 ou no Hospital do Desterro em 1976...

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