domingo, 4 de março de 2018

DECÁLOGO MEDITERRÂNICO: ROMÃS

Romãs num iznik do Museu de Arte Islâmica, em Berlim. Parecem caudas de pavão.

É um dos meus frutos preferidos. A mais fantástica e inolvidável romã que comi na Síriafoi . Foi-me oferecida por um rapazito curdo, à entrada do sítio arqueológico de Aïn Dara, que fica 330 kms. a norte de Damasco.

As romãs estão numa das modas mais bonitas aqui da minha região. Onde se canta "aquela mulher que eu amo / dei-lhe um aperto de mão", num toque de erotismo entre o original e o absurdo.

Em árabe é رمان. Ou seja, ruman.


Soneto a la granada


Es mi amor como el oscuro
panal de sombra encarnada
que la hermética granada
labra en su cóncavo muro.
Silenciosamente apuro
mi sed, mi sed no saciada,
y la guardo congelada
para un alivio futuro.
Acaso una boca ajena
a mi secreto dolor
encuentre mi sangre, plena,
y mi carne dura y fría,
y en mi acre y dulce sabor
sacie su sed con la mía.

Xavier Villaurrutia (1903-1950)

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