quarta-feira, 25 de abril de 2018

CRÓNICAS OLISIPONENSES - II


Foi ao fim da tarde. Não é muito habitual aquele género de apertos. Mas o combóio ia cheio. Entrei, conforme pude. Ao meu lado, estava uma senhora negra, baixinha e magrinha. Na casa dos 60. Mal o combóio arrancou, começou a cantar. E a dançar, tanto quanto lhe era possível. Entoava uma lengalenga:

Vamo' como sardinha em lataaaaa
E pagamo' 50 euroooooooo
Vamo' como sardinha em lataaaaa
E a cépééé não qué sabbbeeeee'
Vamo' como sardinha em lataaaaa

Uns dos companheiros de viagem olhava de viés. Outros faziam que sim, em concordância. Limitei-me a sorrir. Sempre me cairam no goto os gestos espontâneos e livres.

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