Tardei alguns dias em me habituar aquele trrrruc-tuc-tuc-trrrruc. Lisboa é a cidade da luz? Sim, e do lioz, e do Santo António, e das sete colinas. E das marchas e do Tejo. Mas é, cada vez mais, a cidade dos trolleys. Há magotes de turistas por toda a parte. São sobretudo franceses. É pena, porque assim há menos alemães com peúgas brancas. Mas os franceses, ah, ils adorent Lisboa. Et Pêssóá, bien sûr. Et les azulêjôss. Ah, ils adorent la Mádrágôá. E assim, todos os dias, me vou cruzando com magotes de franceses, na Travessa do Pasteleiro e na Rua das Madres. Todos eles puxando pesados trolleys. A avaliar pelo arrastar do trrrruc-tuc-tuc-trrrruc são pesados, de certeza.
A Travessa do Pasteleiro foi o meu primeiro local de trabalho na CML quando no dia 1 de Janeiro ingressei como cantoneiro de limpeza no respectivo posto dos antigos "almeidas". À noite fazia teatro, na Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul que teve ordem de despejo. Dirigido por Ildefonso Valério, representei "Histórias para serem contadas" de Oswaldo Dragún. A Lisboa onde vivi e trabalhei morreu. Fui "expelido" (da Praça da Armada) por causa da gentrificação. Agora penso: seria incapaz de voltar a morar - e trabalhar - nesse caos...
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