"Isto não é um sítio ou uma coisa qualquer, por favor. Isto é um museu." As frases foram ditas com acrescido esforço e com a voz embargada pela comoção. Podiam ser ditas a propósito da tragédia do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Reportavam-se, contudo, a uma outra instituição, em Portugal. Que estava então em grande risco. O episódio passou-se há uns anos e quem falava assim, com tanto calor, é um conhecido investigador e museólogo.
Os museus não são uma coisa qualquer. Infelizmente, são muitas vezes vistos como algo semelhante a uma vitrine das virtudes e das glórias da Pátria. No Brasil como em Portugal. São ótimos cenários para receções, assinaturas de coisas importantes, para mostrar o fausto dos tempos idos e para entreter a turma do croquete. Escrevia alguém nas redes sociais "só no Brasil ardem museus". Não é verdade. Em Portugal, foram fruto da incúria, da incompetência dos orçamentos, do "isto não há-de acontecer, era preciso muito azar" incêndios como o do Museu de História Natural, em 1978, e o da Galeria de Arte Moderna, em 1981. Nos últimos anos muita coisa melhorou? Sim. Mas não o suficiente. Porque sítios assim não são uma coisa qualquer. São museus.
Resta a memória:
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