O convite partiu do António Camões Gouveia. A ideia era que cada membro do comissariado científico escolhesse uma peça e sobre ela falasse e a integrasse num discurso sobre África. Visto de fora? Naturalmente, nós não somos africanos.
O caso da peça de Mértola é um "extremo", por não se tratar de uma peça fabricada em África. Como se diz no texto:
A rota de ouro do comércio mediterrânico começava em Sevilha, tocava os portos da Tunísia e ia terminar lá longe, em Alexandria ou em Antioquia. Era um percurso que todos os mercadores conheciam e que várias vezes ao longo do ano tinham que percorrer. À Península Ibérica vinham buscar a prata que faltava no Oriente. Para a Península Ibérica traziam os tecidos, os perfumes e os artigos de luxo para as elites andaluzas. Esta peça de luxo, produzida no al-Andalus, com influências tunisinas, espelha bem essa rota. Representa uma cena de caça, em que um galgo e um falcão atacam, em simultâneo, uma gazela. A excecionalidade da peça reflete também o caráter exclusivo que a caça de volataria tinha.
Passei hoje pelo Padrão dos Descobrimentos. Para ali constatar a originalidade com que o António resolveu a diversidade de abordagens. E para ser surpreendido com o nome de alguns amigos que também estão neste Contar Áfricas!
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