sábado, 1 de dezembro de 2018

SIM ÀS CORRIDAS DE TOUROS!

SIM!

         Quando vi a primeira corrida de touros devia ter uns 6 ou 7 anos. Em 1969 ou em 1970, seguramente. Ainda o Real de Moura não existia… Não mais esqueci a cor e o som daquela tarde, a enorme vibração de uma praça cheia, o calor daquela tarde de setembro. Fiquei conquistado. Desde esse dia, e para sempre.
A recente polémica em torno do IVA das corridas de touros é bem mais que um detalhe fiscal. A receita do Estado não deverá ter um acréscimo substancial à custa destes atos culturais. O que se quis dar foi um sinal. Ou seja, quem está no Poder quis separar as águas: de um lado estão os civilizados (eles), do outro os incivilizados (nós, os que gostamos de corridas). De um lado está o Progresso (eles), do outro os Retrógrados (nós). É uma atitude de insulto ante a nossa Cultura, que não me dou ao trabalho de rebater. As coisas do fundo da Alma não as discuto. Por isso, sim! Sim à tauromaquia! Sim às corridas! Sim, mil vezes sim, aos nossos forcados! Um dia, há já muitos anos, escrevi isto a propósito de uma lide de Enrique Ponce: “debaixo do capote de Enrique passaram, em poucos minutos, a lenda do minotauro, as feras dos circos romanos e a vaca que matou um califa, numa noite cálida de Marrakech. O touro de que Enrique agora se esquiva já foi mil vezes retratado. É ele que está pintado nos vasos áticos, é ele que, desde há milhares de anos, dá colorido aos frescos das paredes e aos mosaicos dos chãos. Já se chamou Pocapena, Islero, Avispado. Foi ele quem matou de morte horrível Manuel Granero e El Yiyo. Foi ele quem aniquilou a arte de Joselito e a de Manolete. Foi ele quem inspirou as mais trágicas páginas de García Lorca”. As corridas de touros são Arte e Poesia numa arena. As corridas de touros são uma cultura milenar dentro de um ruedo. Os frescos do palácio de Knossos, onde se vêem recortadores e uma lide de um touro, têm 3500 anos.
         A temeridade dos forcados é tão antiga como o solo que pisam. São gestos antigos que cruzam o nosso sul. São gestos que vivem do nosso sol. Que são antigos e que devem ser eternos. Marcou-me, do ponto de vista pessoal, o modo fraterno como me trataram, ao longo dos anos. Estou e estarei com eles. Na defesa do que é nosso.
         A defesa do Património Cultural não pode, por isso, ser marcada por gestos de circunstância e consoante as conveniências do momento. Não é assim numa altura e assado na outra. Como fazem alguns políticos, com tanto de oportunistas como de hipócritas. A tauromaquia é, desde maio de 2012, por proposta que subscrevi, Património Cultural de Interesse Municipal. Estou, e estarei, na defesa deste nosso Património. Agora e para sempre.

Publicado hoje, em "A Planície"

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