Uma recente fotografia de Mário Romero Machado no facebook levantou uma série de questões. Todas interessantes, ainda que nem sempre com o devido enquadramento histórico. A fotografia, tirada a partir do Museu Gordillo, mostrava a Escola Conde Ferreira. Surgiram depois questões relacionadas com um subterrâneo existente no local. Entre outras hipóteses, falava-se em "termas romanas".
Vamos aos factos que conheço sobre o sítio. Outros haverá, seguramente.
Em 1970, obras realizadas nas oficinas da Auto Geral de Moura (entre as Ruas do Sequeiro e da Estalagem) puseram a descoberto um conjunto de sepulturas. Defendemos, o Artur Goulart de Melo Borges e eu, que se tratava de parte do cemitério islâmico de Moura. Os dados são topográficos, de orientação das inumações e de descrição do rito funerário.
Em 1987, obras de construção da garagem da APPACDM deixaram à vista uma entrada no subsolo que dava passagem para um túnel. Tornou-se depois claro que era uma estrutura perfeitamente definida, escavada no calcário da nossa terra. Tinha uma caleira perfeitamente definida e ia terminar na esquina da Rua da Estalagem com a Praça, tendo um monte de entulho, proveniente de uma habitação, no seu término. Participaram nessa breve sondagem, e peço desculpa por qualquer lapso, Isabel Martins, António Cunha, José Estevas, Carlos Rico, Susana Correia e Cláudio Torres.
Olhando um pouco de volta, e tendo em conta a cota dos terrenos e a localização da muralha seiscentista (meio torta e sem cumprir os cânones...), e tendo também em conta o aparelho da própria caleira, não foi difícil concluir:
1. Que a canalização é posterior à muralha, tendo sido feita já depois do abandono da fortaleza, ocorrido inícios do século XIX;
2. De facto, não seria possível a abertura de minas numa zona como aquela, que corresponde ao fosso da fortificação. Uma canalização inviabilizaria a presença da chamada "estrada coberta", que se sabe ali ter existido;
3. Provavelmente, a canalização foi construída para algum lagar que existiu nas imediações. Em que época? Arriscaria dizer que em meados do século XIX. O uso deve ter sido curto.
Nunca ali houve quaisquer termas, romanas, ou de qualquer outra época. O sítio ficou esquecido, até 1987.
O arranque das obras da APPACDM e a falta de meios técnicos, à altura, para se registar, levou a que se optasse pelo encerramento do túnel. Que não foi destruído e continua a ter acesso.
Do ponto de vista histórico, é um pequeno apontamento, que não adianta nada de substancial à história local.
Do ponto de vista turístico, o potencial parece-me ainda menor.
Vamos aos factos que conheço sobre o sítio. Outros haverá, seguramente.
Em 1970, obras realizadas nas oficinas da Auto Geral de Moura (entre as Ruas do Sequeiro e da Estalagem) puseram a descoberto um conjunto de sepulturas. Defendemos, o Artur Goulart de Melo Borges e eu, que se tratava de parte do cemitério islâmico de Moura. Os dados são topográficos, de orientação das inumações e de descrição do rito funerário.
Em 1987, obras de construção da garagem da APPACDM deixaram à vista uma entrada no subsolo que dava passagem para um túnel. Tornou-se depois claro que era uma estrutura perfeitamente definida, escavada no calcário da nossa terra. Tinha uma caleira perfeitamente definida e ia terminar na esquina da Rua da Estalagem com a Praça, tendo um monte de entulho, proveniente de uma habitação, no seu término. Participaram nessa breve sondagem, e peço desculpa por qualquer lapso, Isabel Martins, António Cunha, José Estevas, Carlos Rico, Susana Correia e Cláudio Torres.
Olhando um pouco de volta, e tendo em conta a cota dos terrenos e a localização da muralha seiscentista (meio torta e sem cumprir os cânones...), e tendo também em conta o aparelho da própria caleira, não foi difícil concluir:
1. Que a canalização é posterior à muralha, tendo sido feita já depois do abandono da fortaleza, ocorrido inícios do século XIX;
2. De facto, não seria possível a abertura de minas numa zona como aquela, que corresponde ao fosso da fortificação. Uma canalização inviabilizaria a presença da chamada "estrada coberta", que se sabe ali ter existido;
3. Provavelmente, a canalização foi construída para algum lagar que existiu nas imediações. Em que época? Arriscaria dizer que em meados do século XIX. O uso deve ter sido curto.
Nunca ali houve quaisquer termas, romanas, ou de qualquer outra época. O sítio ficou esquecido, até 1987.
O arranque das obras da APPACDM e a falta de meios técnicos, à altura, para se registar, levou a que se optasse pelo encerramento do túnel. Que não foi destruído e continua a ter acesso.
Do ponto de vista histórico, é um pequeno apontamento, que não adianta nada de substancial à história local.
Do ponto de vista turístico, o potencial parece-me ainda menor.
Verde - localização aproximada dos vestígios do cemitério islâmico
Vermelho - traçado aproximado da canalização
Azul - traçado aproximado da muralha do séc. XVII
Muito interessantes, estes apontamentos da história.
ResponderEliminarEu presenciei em 1987 alguns momentos das escavações na escola, tendo sido encontrados também nesse ano, algumas sepulturas onde é presentemente a garagem e a entrada do túnel. Recordo-me igualmente de ter entrado no túnel(sem autorização) e ter percorrido o mesmo até onde era possível. Talvez a associação a termas se deva a uma pequena abobada redonda que ali existia, alinhada verticalmente com um recipiente redondo, embutido no chão do túnel que parecia um "lava pés".