quarta-feira, 22 de maio de 2019

DAS ALMÁDENAS AOS ALMUADENS

Das almádenas de seiscentas mesquitas não soa uma única voz de almuadem, e os sinos das igrejas moçárabes guardam também silêncio. Às ruas, as praças, os azoques ou mercados estão desertos. Somente o murmúrio das novecentas fontes ou banhos públicos, destinados às abluções dos crentes, ajuda o zumbido noturno da sumptuosa rival de Bagdad, recorda-nos um texto de Alexandre Herculano. É melhor dizer almádena que minarete, tal como almuadem é preferível a muezzin. Não se trata de rejeitar o galicismo, por si só.

Foi pelo som que me guiei no mais recente livrinho fotográfico, editado pela Câmara Municipal de Mértola. Mesquitas é o sexto da série, depois de
Síria (2005)
Mar do meio (2009)
Moura Bissau (2010)
Casas do Sul (2013), em colaboração com Manuel Passinhas da Palma e Miguel Rego.
Caligrafias (2018)

Agora, haverá, um destes dias, Bolama e, depois, Roma. Um com tradução em crioulo, outro com versão em latim. Depois se verá.

Argel, 2004

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