domingo, 8 de setembro de 2019

CRÓNICAS OLISIPONENSES - XXXV

Quinta de manhã, na paragem 8811 da Carris. Olhei em volta e constatei que, em oito pessoas, era o único branco. Fui subitamente arrastado para o túnel do tempo. Há uns 20 anos, em Dallas, quis ir a uma Barnes and Noble. Que era perto. Logo li, disseram os alentejanas de Dallas. O logo ali ficava a 10 quilómetros (de Pearl Station a Park Lane), do Rossio à Amadora, em tradução combóio suburbano. Apanhei o elétrico. Onde constatei que só havia passageiros negros e hispânicos, e dois ou três brancos, de ar pouco próspero. O tram era barato, limpo e rápido. Mas, tal como os autocarros da Carris, estava destinado ao povo. Era assim em Dallas, é assim em Lisboa. Isso nota-se em especial em carreiras como o 11, o 14, o 50, o 54... Servem bairros populares, onde a população de origem africana é marcante ou, mesmo, maioritária. 

Está a começar a campanha eleitoral. Ainda me devo cruzar com algum ministro no autocarro. De preferência com o carro à espera no terminal, como naquela parte gaga que montaram em Setúbal.

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