segunda-feira, 16 de setembro de 2019

DIREITO DE RESPOSTA - MAS ESTA CÂMARA NÃO TEM MAIS NADA QUE FAZER?

Preferia, sinceramente, não usar o espaço do jornal "A Planície" para este tipo de intervenções. Mas o grau, e o nível, de acusações com que fui brindado em recente entrevista por um membro da vereação obriga-me a usar o direito de resposta. Deixei funções há 695 dias (quase dois anos) e continua o atual executivo apontando, a propósito e a despropósito com uma suposta pesada e negativa herança do passado. Pergunto-me se não terão mais nada para fazer.


MAS ESTA CÂMARA NÃO TEM MAIS NADA QUE FAZER?

Numa recente entrevista a este jornal, vem o outrora cordial Vereador Manuel Bio mostrar a sua verdadeira face. O Poder tem destas coisas e a falta de preparação política e cívica é causadora de atitudes arrogantes. O que é triste, mas não é novidade…

O tema em causa é o Convento do Carmo. O vereador Manuel Bio, em vez de clarificar o que pretende fazer na área do turismo (quem tenha ouvido a sua entrevista à Rádio Planície ficaria com a vaga ideia que sem ele não haveria água e azeite no concelho de Moura…) usou uma página de jornal a atirar-se à minha pessoa. Com pouca elevação e em termos rasteiros. Têm causado incómodo as posições que tenho assumido e que aqui repito, de forma direta e clara:

1.    A Câmara Municipal de Moura chamou a si a resolução do problema do Convento do Carmo em 2007. Na ausência de quem se chegasse à frente, tínhamos a responsabilidade moral, política, cultural e cívica de o fazer;
2.    Procurámos, de várias formas, resolver a situação do Convento;
3.    A última dessas formas foi, justamente, o REVIVE;
4.    Diz Manuel Bio “o anterior executivo, já sem saber muito bem o que fazer ao Convento, decide inscrevê-lo no REVIVE, tentando que fosse o Turismo de Portugal a resolver o problema”. Não podia dizer maior asneira. O Convento do Carmo foi o primeiro edifício na posse de uma autarquia a integrar o REVIVE, pelas diligências que a Câmara de Moura fez nesse sentido, em 2017. Até aí, as câmaras “não estavam” no REVIVE. 
5.    E isso aconteceu porque, e cito da página do REVIVE na net “a Câmara Municipal [de Moura] tem tido um papel importante neste processo, canalizando fundos comunitários para a requalificação urbana da cidade, da sua qualidade ambiental, promovendo acções de apoio social e divulgação do património e cultura. Resulta daí o aumento de visitantes no concelho, com benefícios para as empresas do sector, sobretudo de hotelaria e restauração, mas também para o comércio local”. Clarificando, os fundos comunitários para a requalificação urbana reportam-se a obras feitas ao longo de vários mandatos, como a do Castelo, da Mouraria, dos Quartéis, do antigo matadouro, do Jardim das Oliveiras, do Lagar de Varas etc. Foram estes os investimentos. Foi isso que esteve na origem de prémios nacionais e regionais. Como a da Entidade Regional de Turismo, em 2015, que atribuiu à obra da Mouraria o prémio Turismo do Alentejo.
6.    A realidade diz o contrário daquilo que Manuel Bio quer dizer.
7.    Na ausência de trabalho efetivo, e de profundidade, do atual executivo, é mais fácil continuar a denegrir o trabalho de quem os antecedeu. É uma opção...
8.    Não vale a pena o vereador Manuel Bio continuar a insistir que foi o atual executivo a integrar o Convento do Carmo no REVIVE. Dispenso-me também de voltar a publicar fotografias da cerimónia que teve ugar em Moura, em julho de 2017, e que foi presidida pela Secretária de Estado do Turismo e por mim próprio.
9.    Não estou, nunca estarei de acordo com a demissão da Câmara de Moura neste processo. O que a Câmara fez, em 2018, foi devolver o processo à tutela. Se há mérito no processo é do Turismo de Portugal e não da Câmara. Tanto que assim é que a entidade adjudicante é o Turismo de Portugal. Os documentos existentes na net têm os logotipos da Direção-Geral de Turismo e Finanças, da Direção-Geral do Património Cultural e do Turismo de Portugal. A Câmara de Moura não consta. Faz de figurante. É outra opção...
10.  Registo também o nível das afirmações de Manuel Bio a respeito das anteriores vereações, e onde sou especialmente visado: “”isto é de quem não percebia muito bem o que andava a fazer”, “desconhecimento total”, “ficam sem saber o que fazer” etc.

Torna-se monótona, e triste, a regularidade com que os atuais responsáveis autárquicos (designadamente o Presidente Álvaro Azedo e o Vereador Manuel Bio) se viram para trás e disparam “o ex-presidente Santiago Macias fez e aconteceu”. O que revela incómodo e falta de coisas concretas para apresentar. O que é notório no destempero da linguagem utilizada.

Ora bem, já lá vão dois anos (!) de mandato e até agora (com exceção de contratos assinados no mandato anterior – Bairro do Carmo e Torre do Relógio – ou cujo financiamento foi garantido antes de outubro de 2017 – como foi o caso das muralhas de Moura), muito pouco se viu de concreto. Ou, melhor dizendo, vemos muitas imagens de obras que irão acontecer, vemos muitos protocolos, muitas cerimónias, muitos membros do governo… Obras e iniciativas de fundo, quase nada. Virá daí a necessidade de disparar a torto e a direito contra a minha pessoa? Pela parte que me toca, fico quase vaidoso com tanta atenção e, sobretudo, com tanta preocupação. Quanto a este executivo, tenho apenas uma exortação a fazer. Trabalhem mais e melhor. O que têm feito é muito pouco.

Repito o que há pouco mais de três meses escrevi nestas mesmas páginas:

Dediquei 24 anos de vida ao concelho (12 na Assembleia Municipal, dos quais 4 como presidente; 12 na Câmara, dos quais 4 como presidente). Entendo os lugares autárquicos como sítios de honra. (...) Deixo uma garantia final. Continuarei presente em Moura. E estarei sempre empenhado no futuro da minha terra.

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