domingo, 29 de dezembro de 2019

VELAS

O poema que se segue quase fechou, aqui no blogue, o ano de 2008. Já lá vão 11 (onze!) anos. O poema, sobre a passagem do tempo, faz hoje tanto sentido como naquela altura. Justamente pelo toque de eternidade que comporta.


Velas
Os dias do futuro ficam diante de nós
como fila de pequeninas velas acesas –
douradas, quentes, e vivas pequeninas velas.

Os dias passados ficam para trás,
uma linha triste de velas que se apagaram;
as mais próximas soltam fumo ainda,

velas frias, derretidas, e torcidas.

Não quero vê-las; dá-me dó a sua figura,
e dá-me dó lembrar-me da sua luz primeira.
Olho para a frente para as minhas velas acesas.

Não quero voltar-me para não sentir horror ao ver
que rapidamente se torna longa a linha escura,
que rapidamente se multiplicam as velas apagadas.


O poema é de Konstandinos Kavafis (1863-1933) e data de 1899 (tradução de Joaquim Manuel Magalhães e de Nikos Pratsinis). Não sei de quem é a pintura, que se encontra na coleção Isabel e Alfred Bader, Milwaukee (EUA). Tem sido, por várias vezes, atribuída a Rembrandt, mas não está na base de dados do pintor no RKD (Rijksbureau voor Kunsthistorische Documentatie).

Ver:
https://rkd.nl/en/collections/explore
e
http://rembrandtdatabase.org

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