segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

CLÁUDIO TORRES - ARQUEOLOGIA DE UMA VIDA

Vi, com grande interesse e emoção, os três episódios deste "Cláudio Torres - arqueologia de uma vida". As reconstituições históricas são rigorosas e o ambiente de resistência dos jovens estudantes ao fascismo dá medida da generosidade com que esses tempos eram vividos. Foi, aliás, o primeiro episódio aquele de que mais gostei. Os outros pareceram-me uns furos abaixo.

Em termos de argumento, gostei em particular de ver Manuela Barros Ferreira ser projetada para o primeiro plano. E de ganhar individualidade e destaque. Não vale a pena detalhar aquilo de que não gostei. Mas Mértola, curiosamente, aparece muito menos do que esperaria. Porque Mértola e o Cláudio são, hoje e para o futuro, indissociáveis. Sem a sua presença marcante, o projeto, a imagem da vila, o próprio avanço dos estudos islâmicos, não seriam hoje o que são. Ponto. Percebo que a visão de uma vida com toques de romance (1961-1974) seja mais interessante como argumento. Mas fico com pena que o percurso mertolense seja visto em sfumato. Até porque, hoje, o Cláudio Torres é quase consensual. Há uns anos não era bem assim e as tentativas de denegrir o seu trabalho não faltaram. Sei bem do que falo. Vivi o/no projeto de Mértola, diariamente, entre 1991 e 2006.

Que o seu percurso seja tema de três filmes diferentes é, ao mesmo, invulgar e merecido. Depois do filme de Pierre-Marie Goulet, tivemos agora esta mini-série. Já só falta o documentário de José Manuel Silva Lopes. A suivre...


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