Há muitos anos que não ía a Vila do Conde. A passagem foi rápida, para fotografar um edifício desenhado pelo prolixo Octávio Lixa Filgueiras (1922-1996). Ao vivo, gostei bem mais do que os alçados vistos no arquivo, devo dizer.
À chegada, um taipal da autarquia tinha um excerto de um poema de Ruy Belo (1933-1978), dedicado a Vila do Conde. É, creio, uma das mais bonitas declarações de amor a um sítio.
Nem o arquiteto nem o poeta eram de Vila do Conde, por sinal.
À chegada, um taipal da autarquia tinha um excerto de um poema de Ruy Belo (1933-1978), dedicado a Vila do Conde. É, creio, uma das mais bonitas declarações de amor a um sítio.
Nem o arquiteto nem o poeta eram de Vila do Conde, por sinal.
O lugar onde o coração se esconde
é onde o vento norte corta luas brancas no azul do mar
e o poeta solitário escolhe igreja pra casar
O lugar onde o coração se esconde
é em dezembro o sol cortado pelo frio
e à noite as luzes a alinhar o rio
O lugar onde o coração se esconde
é onde contra a casa soa o sino
e dia a dia o homem soma o seu destino
O lugar onde o coração se esconde
é sobretudo agosto vento música raparigas em cabelo
feira das sextas-feiras gado pó e povo
é onde se consente que nasça de novo
àquele que foi jovem e foi belo
mas o tempo a pouco e pouco arrefeceu
O lugar onde o coração se esconde
é o novo passado a ida pra o liceu
Mas onde fica e como é que se chama
a terra do crepúsculo de algodão em rama
das muitas procissões dos contra-luz no bar
da surpresa violenta desse sempre renovado mar?
O lugar onde o coração se esconde
e a mulher eterna tem a luz na fronte
fica no norte e é vila do conde
Esposende, três belíssimos exemplares de Ventura Terra e duas excepcionais obras de Viana de Lima, uma delas o seu túmulo,, que fica muito próximo do meu(futuro), ou seja vou passar a eternidade na companhia dos meus e do VT. Bem acompanhado portanto!
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