segunda-feira, 31 de maio de 2021

ILHA FEMININA E PORTUENSE

Passagem, quase em blitz, por uma "ilha" no Porto. Um projeto em curso, e com fim à vista. As cidades são matrioskas. E esta ilha, só senhoras e todas de idade avançada, está longe do Porto e perto do Porto. Subitamente, "vejo-me" entre o Bairro do Carmo e os Quartéis. Povo, muito povo, muita gente dentro das casas, muito poucas condições. Processos de recuperação não rimam com pressa.

Em Moura, os projetos de reabilitação correram bem. O Carmo, como o Pátio dos Rolins, não foi/foram gentrificados. Tenho esse secreto e pessoalíssimo orgulho.




domingo, 30 de maio de 2021

EM PROVAS

Última curva, antes da reta da meta. Passagem pela gráfica, em Camarate. Últimas revisões. Entra esta semana em produção final o mais simples, e o mais longo, dos trabalhos. Muitas vezes, as coisas não acontecem como nós queremos, mas como podem ser...

Depois de Bolama, perfil-se mais dois.

O lançamento de Mouraria de Moura + Bolama será quando houver condições. Não quero cá tumultos ao estilo da bola 😊



sábado, 29 de maio de 2021

CAPITALISMO EM VERSÃO 4X4X2

Nos últimos 25 anos só um clube "de fora" (o Porto) ganhou a Liga dos Campeões. Com essa exceção, como foi o resto? Equipas alemãs ganharam 4 vezes, inglesas 6 vezes, italianas 3 vezes e espanholas 11 vezes. "Isto" tem algum interesse? Sinceramente, muito pouco.




PANORÂMICO DE MONSANTO

É um dos mais espantosos e incompreensíveis falhanços de Lisboa. Hoje está meio em ruínas e isso só me causa espanto e aquela dor de vivermos num País que deixa de lado tanta coisa que vale a pena e tem potencial. O Panorâmico de Monsanto foi projeto de um discreto arquiteto camarário, Carlos Oldemiro Chaves Costa (1922-1990), e é uma obra da qual sempre gostei.

Falaram-me, há dias, de um projeto para o Panorâmico de Monsanto, que a crise entretanto parou. A ideia pareceu-me tão interessante que só espero que vá para a frente. Porque não percebo, mas não percebo mesmo, como é um que sítio tão fascinante, e com a vista que tem, pode estar como está...




sexta-feira, 28 de maio de 2021

TODO O ENCANTO QUE O ESTADO NOVO TINHA...

Há pessoas que se irritam imenso com estas coisas. Eu não me irrito. Dá-me um genuíno e profundo gozo ver a forma com esta gente espuma quando ouve a expressão 25 de abril. Esse é o problema deles. Mais nenhum. Daí os urros contra o Museu do Aljube e o de Peniche etc. etc.

E isso permite a pi eidche dis como o penoso Nuno Palma largar à desfilada e proferir as afirmações mais inacreditáveis. Como por exemplo:

"O Estado Novo impediu a modernização económica e social do País? Isso é falso".
"O Estado Novo fez reformas ao nível da Justiça".
"O analfabetismo, entre as crianças, no final dos anos 50, era absolutamente residual". Eis como com um dado estatístico se pode falsear e distorcer a realidade...
Elogiou ainda a queda da mortalidade infantil. Que só decai de forma decisiva a partir de 1980.

Etc.

Daí que me divirta a ouvir indivíduos assim berrar contra o PCP e contra os que estiveram presos no Aljube e em Peniche.

(Já agora, também gosto imenso de cálculos do PIB em Portugal no século XVI; são fiabilíssimos!)

Aqui fica uma imagem de prosperidade e de justiça e de desenvolvimento tão característicos do Estado Novo (a Amadora há 50 anos):

quinta-feira, 27 de maio de 2021

ASSOCIATIVISMO

A imagem "sugere" Mértola, mas não é a vila do Guadiana, evidentemente. A bonita Castelo  e Vide fica 200 quilómetros mais a norte.

A conversa será a feita a partir de casa, longe de Castelo de Vide e de Mértola. O associativismo em territórios de baixa densidade é um excelente mote para tópico de conversa e para ponto de partida. Não por acaso, fica aqui este dado: o distrito de Portalegre tem 118.500 habitantes em 6.000 km2. 40% dos sues habitantes residem em dois concelhos: Elvas e Portalegre. Elege dois deputados. Mas podemos dizer que estamos no interior quando se chega em duas horas de Monforte a Lisboa?


quarta-feira, 26 de maio de 2021

PINACOTECA CASTRENSE

Reunião matutina com o Diretor do Museu Militar. cor. Francisco Rodrigues. Regresso, muitos anos depois (quantos? 30? 35?) aquele sítio. É claro que acho muito interessantes os materiais militares - a começar pelo célebre manhã de Diu -, mas confesso que o que mais me continua a atrair é a coleção de pintura oitocentista do museu. Até consigo gostar de Malhoa, que não me causa exatamente grande entusiasmo. Ao passar pelas salas, não posso deixar de pensar que aquele é quase o Museu da Descoberta...

Um sítio sumptuoso e pouco conhecido.



terça-feira, 25 de maio de 2021

FILOMENA BARROS - IN MEMORIAM

Foi uma sessão emotiva, com a presença de professores, de alunos e de colegas. Vieram de vários cantos do mundo. De sítios tão distantes como a Austrália. Participei, claro. Falei pouco. Recordei a sua permanente disponibilidade. E a colaboração em muitas coisas. Como o recente catálogo de Arte Antiga. Muitas coisas já tinham sido ditas e faltava muita gente intervir. A sessão foi tão longa quanto intensa. A Filomena é uma daquelas pessoas que não se esquecem.




BREAKDANCE NOS JOGOS OLÍMPICOS: O GLORIOSO REGRESSO DE GRANDMASTER FLASH

Era um dos meus nomes "de referência" nos tempos da Faculdade. Uma das minhas múltiplas heterodoxias, com pouco eco e ainda menos simpatia na cave de Letras, onde, a partir do outono de 1983, assentei arraiais. 

Joseph Saddler (n. 1958) é o verdadeiro nome de Grandmaster Flash. Aposto que nunca lhe passou pela cabeça que o seu hip hop seria, um dia, fonte de inspiração para uma modalidade olímpica. O breakdance como modalidade olímpica faz tanto sentido como o jogo da pata. Snoop Dogg ainda vai a presidente do C.O.I., querem apostar?




segunda-feira, 24 de maio de 2021

EU NÃO QUERO QUE VOCÊS ME LIBERTEM, OK? MUITO AGRADECIDO PELA ATENÇÃO...

Amanhã há reunião da direita. Querem libertar a sociedade, e os cidadãos e tudo.

Vai haver gritaria contra o Estado. Como há dias disse a uma amiga, eles não são contra o Estado. Mesmo nada. Eles são é contra um Estado que não seja coutada da(s) aristocracia(s). A cultural, a financeira, a social, etc. Um dos que mais grita é um conhecido político - este não o convidaram e é pena... - que HÁ ANOS é pago, nos mais diversos cargos, pelo Estado.

Pela minha parte, e em homenagem a todos os meus antepassados que foram servidores destes libertadores, digo convictamente: passo muito bem sem a vossa ajuda libertadora.






domingo, 23 de maio de 2021

DIA DE...

Dia de...

Todos os dias há um.

Dia da Música.

Dia dos Museus.

Dia do Ambiente.

Dia da Criança.

Dia da Língua Portuguesa.

Dia da Poesia.

Dia do Teatro.

O conceito banalizou-se e andamos todos a correr atrás do "dia de". Programações iniciativas são condicionadas pelo "dia de". Um modelo desinteressante. Com exceção do dia 18 de abril, "passo ao lado" de quase todos os outros.



ONTEM, EM MOURA

No final de uma semana especialmente difícil, passei por Moura para dar um abraço ao André e à sua equipa à Câmara Municipal de Moura.

Uma belíssima sessão de apresentação de candidatos. Há ideias claras quanto ao futuro e, sim! (e respondendo a uma amiga mourense), é uma equipa preparada. E que fará muito mais do que somar promessas, protocolos e anúncios de projetos. E receber ministros e secretários de estado que só cá vêm fazer fotografias.





sábado, 22 de maio de 2021

UM FUTURO COM A CDU, EM MOURA

Um momento importante, para a nossa terra.

Torna-se, a cada dia, mais clara a importância desta decisão. E que é necessária a criação de uma alternativa que passa pelo André e pela sua equipa. Já chega de papéis, de promessas e de protocolos.

Às 18 horas será tempo de marcar presença em Moura. Cá estaremos.

quinta-feira, 20 de maio de 2021

STARDUST MEMORIES Nº. 52: ASCENSOR DO LAVRA

Foi um caminho familiar, há muitos anos.

Subia-se/sobe-se a partir do Largo da Anunciada. Depois cortava-se à esquerda para a Travessa do Forno do Torel. Era um passinho até ao Ministério da Educação. Uma das direções-gerais e o gabinete do ministro ficavam então (1973) aí.

Ontem, regressei a este terreno para passar pela Faculdade de Ciências Médicas. Em tempos recentes fui uma vez ou duas ao Jardim do Torel. Não tenho de cruzar esta rua. Felizmente. Quase tive um badagaio ao ver a "excelsa arquitetura" do edifício da F.C.M..

O Ascensor do Lavra continua a cumprir a sua missão. Agora a preços bem menos populares. E quase vazio. Éramos duas pessoas a subir, três a descer. Sinais dos tempos.


quarta-feira, 19 de maio de 2021

IN AGRO

Manhã olisiponense, em ambientes campestres. Tomando conhecimento com realidades que estão mesmo à mão de semear e, que por diferentes razões nos escapam.

Numa parede da Baixa, uma paisagem bucólica e campestre rematou essa parte do dia. Quem morou naquela casa? E quando? E porque vivia, em plena cidade, rodeado de um jardim pintado?


O JARDIM

 

O jardim está brilhante e florido,

Sobre as ervas, entre as folhagens,

O vento passa, sonhador e distraído,

Peregrino de mil romagens.


É Maio ácido e multicolor,

Devorado pelo próprio ardor,

Que nesta clara tarde de cristal

Avança pelos caminhos

Até os fantásticos desalinhos

Do meu bem e do meu mal.


E no seu bailado levada

Pelo jardim deliro e divago,

Ora espreitando debruçada

Os jardins do fundo do lago,

Ora perdendo o meu olhar

Na indizível verdura

Das folhas novas e tenras

Onde eu queria saciar

A minha longa sede de frescura.


Sophia de Mello Breyner Andresen


terça-feira, 18 de maio de 2021

GUERREIROS E MÁRTIRES EM 3 D

O espantoso link é este:

https://mpembed.com/show/?m=fcsVPMYwbnL&fbclid=IwAR3jzmGRq5EZH9KDQJ001OGIfI-avkutxSxtFRETIHgMEFbDzzk1dqTcd8M

Para quem não teve a oportunidade de ir ao Museu Nacional de Arte Antiga, aqui está a possibilidade de o fazer em 3D. Uma visita sala a sala, quase peça a peça. Uma nova forma de chegar perto, mesmo quando se está longe. Ver ao vivo é sempre melhor, mas os recursos que temos hoje permitem ultrapassar muitos obstáculos que outrora não conseguiríamos eliminar.

segunda-feira, 17 de maio de 2021

DA(s) ESCRITA(s)

A escrita das palavras e os textos pintados. Lorca e Emerenciano, numa semana em que só haverá poesia e pintura.

Se ha quebrado el sol 
          Se ha quebrado el sol   
          entre nubes de cobre.
De los montes azules llega un aire suave.

          En el prado del cielo,
          entre flores de estrellas,
          va la luna en creciente
          como un garfio de oro.

Por el campo (que espera los tropeles de almas),
          voy cargado de pena,
          Por el camino solo;
          Pero el corazón mío
          un raro sueño canta
          de una pasión oculta
          a distancia sin fondo.

          Ecos de manos blancas
          sobre mi frente fría
          ¡pasión que maduróse
          con llanto de mis ojos!


domingo, 16 de maio de 2021

KUSTURICA LUSITANO

O carro já lá estava quando cheguei. A mala aberta, e o proprietário, de cabelo e roupagens fricópunk, mergulhado dentro da mala. Fui à caixa fazer o pré-pagamento. Quando regressei, o homem continuava na mesma posição, aparentemente procurando algo. Quando passei de novo, para ir buscar a fatura (da qual me esquecera), o homem estava desaparafusando (isso, desaparafusando) o tampão do combustível. Um, dois, três parafusos. Ou seja, de cada vez que vai à bomba, tem de repetir o ritual. Desaparafusar o tampão. Aparafusar o tampão.

Kusturica, Tarantino, vinde à Lusitânia. Tendes tanto para aprender...




sábado, 15 de maio de 2021

BRANCA DE NEVE E A PARANÓIA EM CRESCENDO

Quando se abre a Caixa de Pandora dá nisto.

Andam a tentar construir um mundo neutro, assético, plano. E imensamente aborrecido. Não, obrigado!



sexta-feira, 14 de maio de 2021

MAS ISTO É O QUÊ???

Que a LUSA e o "jornalismo" cheguem a este ponto já nem me surpreende. Que uma deputada seja identificada desta forma é uma vergonha (palavra tão querida de um certo partido) e um ato asqueroso.

Que o indivíduo que escreveu esta coisa seja imbecil e rasca não merece discussão. Infelizmente, bojardas racistas aparecem, cada vez mais, por toda a parte.

O incrível disto - mas também sem grande surpresa - é que jornais que se querem sérios publiquem tudo sem critério nem revisão.

O analfabetismo grassa.


quinta-feira, 13 de maio de 2021

CDU À CÂMARA DE MOURA

Gosto muito desta lista.

Gosto muito de todos eles, do ponto de vista pessoal.

As palavras confiança e esperança ganham(-me) a cada diz que passa mais sentido.

Fico feliz com a capacidade de renovação, com gente nova e qualificada que marca aqui presença, com a liderança que aqui está patente e que vai, sem demagogia, sem "protocolos" e sem promessas ocas, dar outro rumo ao concelho. Um rumo bom, como todos merecemos.

Estou convosco! Seguirei convosco!

VIVA A CANDIDATURA DA CDU!



terça-feira, 11 de maio de 2021

SPACIOSA & CRISMATIS & JULIANUS

Ao rever há dias, pela enésima vez, os materiais em vista para um próximo projeto não pude deixar de pensar no enquadramento que vai ser necessário para lápides como a do bispo Julianus. Que era bispo no Algarve na segunda metade do século X. É extraordinária a semelhança com tantas outras lápides provenientes de Córdova, feitas na mesma altura. Nunca o uso da palavra oficina fez tanto sentido.

Para ver mais sobre o assunto, aconselho um trabalho do genial Rafael Azuar. É procurar no google: rafael azuar mozárabes.









segunda-feira, 10 de maio de 2021

VERTIGEM

Real e física. Já não vinha a este sítio desde 1983 ou 1984. Não tenho ideia de sensação que tive nessa altura. E altura é coisa que aqui não falta...

Colaboração com a PSP em marcha.

E o início do poema El vértigo, de Gaspar Núñez de Arce (1834–1903), que não conhecia e que encontrei na vertigem da vertigem...

Guarneciendo de una ría
la entrada incierta y angosta,
sobre un peñón de la costa
que bate el mar noche y día,
se alza gigante y sombría
ancha torre secular
que un rey mandó edificar
a manera de atalaya,
para defender la playa
contra los riesgos del mar.











DE OLIVENZA / OLIVENÇA A NOUDAR: ultima puntata

De 4 de julho de 2020 a 8 de maio de 2021 quase um ano se passou. Os meses "sem luz" (outono/inverno) não contam. Depois houve mais pandemia e um projeto que avançou a custo e com esforço.

O registo de Duarte Darmas via-drone ficou concluído no Castelo de Noudar (depois de passagens por Olivença e por Elvas), no passado sábado, às 17 horas em ponto.

Foram 20 sítios, uns mais fáceis que outros. A simplicidade de Juromenha ou de Mértola não tem nada a ver com a complexidade de Elvas.

A recolha está feita. A maquetagem do livro começa amanhã.



domingo, 9 de maio de 2021

ANTÓNIO ZINGA REVISITADO - um momento borgellesiano

Há quase nove anos (29.5.2012) falei num pintor angolano, António Zinga. Fazia quadros que os soldados compravam e traziam depois para a Metrópole, como recordação e, provavelmente, como exemplo de Arte Africana.

António Zinga esteve ativo, que eu saiba, entre os anos 60 e a primeira metade da década de 70. Quando sobre ele escrevi, recebi vários contactos de pessoas que também tinham quadros seus e que queriam saber mais. Não pude ajudar, porque não tinha mais informação.

Lá em casa havia um quadro. Em tons de fogo. Que foi pendurado numa parede azul ferrete, uma cor muito ao gosto da época e que foi premonitória.

Não sei o que aconteceu ao quadro. Mas hoje fui dar com uma obra de António Zinga, que esteve à venda numa leiloeiro do Rio de Janeiro, em 2020. Não foi vendida.

O estranho é que o quadro (abaixo reproduzido) parece mesmo, mesmo o que estava em Queluz. Provavelmente, haveria uma produção em série. Ou não...



sábado, 8 de maio de 2021

"AH, ISSO É TUDO INVENÇÃO DOS COMUNISTAS"

A cassette...

Dizem sempre a mesma coisa...

etc. muitas vezes etc.

Afinal, não. Subitamente, "olha, afinal há clandestinos e há exploração de seres humanos... quem diria..."

Desde 2012 que os alertas se sucedem. O problema é que o PCP se preocupa com estas questões e não com assuntos "disruptivos" e com temas "fraturantes".




sexta-feira, 7 de maio de 2021

HELENA COSTA PAIS À ASSEMBLEIA MUNICIPAL

Prossegue a construção do caminho que é necessário cumprir. Avançam as listas, sob o signo da inovação e da qualidade.

A cabeça de lista à Assembleia Municipal é mais uma feliz escolha. Os dias passam e  os nomes vão surgindo. A ideia da esperança vai-se tornando certeza. Esperança e certeza para todos nós. Seguimos em frente, no mesmo combate e com a mesma convicção.


quinta-feira, 6 de maio de 2021

EM VISEU, COM CARLOS OLDEMIRO CHAVES COSTA

Carlos Oldemiro Chaves Costa (1922-1990) foi um arquiteto discreto. O nome é hoje praticamente desconhecido, embora quem saia de Lisboa pela subida de Monsanto não possa deixar de reparar numa obra sua, o injustamente mal-tratado Panorâmico de Monsanto.

Mas não foi esse edifício emblemático a marcar o meu fim de tarde. Viseu foi o ponto final de um percurso iniciado há quase três anos. O edifício desenhado por Carlos Costa já não está como ele o concebeu nos anos 60. Mas a inspiração do "estilo internacional" ainda se pressente bem nos alçados laterais. Um projeto interessante. De A (Abrantes) a V (Viseu) se fez o caminho. Passando por 173 sítios.

Fim de trajeto na escrita. O livro sairá lá para outubro (cálculo meu).

Aguarela de João Turvo:

quarta-feira, 5 de maio de 2021

VASARELY SACAVENENSE

A coleção é privada, mas o acesso é público. Uma coleção mais que notável. No meio de tantas coisas excelentes, dou comigo a olhar para este painel de azulejos da Fábrica de Loiça de Sacavém (data: 1920-1940).

Um toque vasarelyano na tarde. E mais o poético hipnotismo de Melo e Castro.












terça-feira, 4 de maio de 2021

CDU: TRÊS EM UM

E assim fica terminada a ronda das freguesias.

Com o Jorge em Moura e em Santo Amador; com a Ana Caeiro e o José Manuel Godinho em Safara e em Santo Aleixo; com o Miguel Caleça na Póvoa e na Estrela.

É com eles que vou estar. Politicamente, emocionalmente, presencialmente. Acredito neles porque os conheço, porque conheço o meu concelho, porque é lá o meu sítio. Bom, lá e em Mértola, tenho de admitir.

Acredito neles e tenho ESPERANÇA. E é a eles, e a todos nós, que dedico o poema ESPERANÇA, do grande Mário Quintana:

ESPERANÇA

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...






segunda-feira, 3 de maio de 2021

JOUR DE SILENCE AU PANTHÉON

É o dia do silêncio total. Não há visitantes e é dia de folga. Quando silêncio equivale a um pouco mais de trabalho.













Lâmpada deserta,

Lâmpada deserta,

No átrio sossegado.

Há sombra desperta

Onde se ergue o estrado.

No estrado está posto

Um caixão floral.

No átrio está exposto

O corpo fatal.

Não dizem quem era

No sonho que teve.

E a sombra que o espera

É a vida em que esteve.

UMA HISTÓRIA SABIDA, MAS POUCO CONHECIDA...

 "1918. 19 de Abril: Salazar obtém a nomeação de professor ordinário da Faculdade de Direito de Coimbra, com dispensa de prestação de provas. Depois, por concessão graciosa do conselho escolar, obtém o grau de "Doutor em Direito", sem ter feito o concurso de doutoramento. Invoca-se a lei nº 616 de 19 de Junho de 1916. E passa à frente de colegas mais antigos, como Fezas Vital e Magalhães Colaço. A lei é de autoria dos afonsistas... São os chamados professores decretinos." Da autoria do Prof. José Adelino Maltez.

É um facto que Oliveira Salazar nunca se submeteu a provas públicas. Não é uma questão de desvalorizar as suas capacidades técnicas. É um facto que chegou a catedrático sem nunca ter defendido a tese. Não há nada como truques simpáticos para singrar. Depois, no Poder, conseguiu arrumar, despedir e exilar académicos insignes. Ele e mais uns quantos do estilo dele. Toda uma escola de manhosice lusitana.

Não me venham falar depois da retidão da criatura. Em bom português, não me lixem...













domingo, 2 de maio de 2021

AH, OS ARTIGOS, OS CONGRESSOS, OS PRAZOS...

Gostava de pensar num barreirista assim como Omar Mc Leod ou como Dayron Robles. Mas não... A entrega de dois textos (39 h 47 min. depois do prazo limite, mas como é fim de semana não há azar) para as atas de um encontro foi mais como a imagem que aqui vos deixo...

Aqui entre nós, divirto-me a pensar na (relativa) balbúrdia que um deles vai causar no meio medievistíco-islâmico-arqueológico. Intitula-se TOPONÍMIA, FONTES ESCRITAS E ARQUEOLOGIA: BREVE NOTA SOBRE A IDENTIFICAÇÃO DE LAQANT, DE HALQ AZ-ZAWYIA E DE KANISAT AL-GURAB. Depois da breve nota virá um texto mais desenvolvido. 



DIREITOS HUMANOS

Não conheço a complexidade da situação, desconheço os detalhes da requisição decretada pelo governo, não sou jurista, não sei se a decisão foi discutida com os proprietários e ignoro também que tipo de ocupação está prevista, em que moldes e com que acompanhamento. E é muito fácil ter opinião quando pouco se sabe...

Há, contudo, três questões que gostaria de ver respondidas:

* Como é que esses trabalhadores vieram, em que condições salariais, de alojamento e de segurança no trabalho?
* Quais as responsabilidades dos patrões, designadamente em situações como esta?
* O sr. bastonário Menezes Leitão só agora descobriu que há Direitos Humanos em causa? Haja Deus!




sábado, 1 de maio de 2021

ORGULHO MOURENSE

Encerrou, há dias, a exposição internacional “Guerreiros e Mártires”, que esteve patente ao público, de forma intermitente, desde 19 de novembro de 2020, no Museu Nacional de Arte Antiga.

Fica para as minhas memórias pessoais a pequena história detalhada desta exposição. Foi um processo começado, com outros contornos, no dia 1 de junho de 2018; o projeto primitivo, apresentado a uma entidade privada, “naufragou”, poucos meses depois. Renasceu a meio do outono desse ano, com a pergunta do Joaquim Caetano (meses depois diretor do MNAA) “porque não fazes antes a exposição sobre os mártires de Marrocos, em vez de usares só a obra de Francisco Henriques como ponto de partida?”. Um desafio e um ovo de Colombo. Sim, seria possível fazer a exposição assim, mas teria de ser um comissariado a dois (Arte e Arqueologia). Retoma-se o projeto, em novos moldes. Não havia dinheiro e era preciso apoio mecenático. Uma primeira entidade avançou com 70.000 euros, muito abaixo do que fazia falta. Começámos a recolha de informação (que peças? que autores? que guião?) e assim se passou todo o bendito ano de 2019, numa permanente angústia. Finalmente, consegue-se apoio financeiro e haverá exposição. A Imprensa Nacional assegura o catálogo, mas os prazos são curtos.

Estabilizamos a escolha final em 210 peças (faltam, por diversas razões, as Cantigas de Santa Maria, o “Bayad-wa-Riyad” – uma história de amor oriental -, o pendão das Navas de Tolosa, mas o que temos é de grande qualidade). No meio está Moura. Foi com orgulho, e sem ponta de bairrismo parolo, que esteve Moura. A nossa terra tem peças de inquestionável categoria, referentes a este período. Escolhi cinco, que puderam ser vistas no principal museu português, ao longo de cinco meses. Quais? Uma réplica da lápide comemorativa da construção do minarete da mesquita de Moura (meados do século XI); um osso de boi com a invocação a Alá, numa peça usada para o ensino da escrita (inícios do século XIII); um painel de uma pequena arca revestida a osso (inícios do século XIII); dois pratos importados do sul de Espanha, de meados do século XIV.

Moura tem? Sim, temos porque procurámos. São materiais da nossa terra e do nosso património, que resultaram dos trabalhos arqueológicos realizados no castelo e no bairro da Mouraria. Moura tem potencial? Tem, mas é preciso fazer por isso. Tem, também, por motivos que se prendem com razões excecionais de localização e pela presença de minas de prata a curta distância. São questões explicadas em livros como “Castelo de Moura – escavações arqueológicas” e no mais recente “Moura Medievalis”.

É o nosso património motivo de orgulho mourense. Sem favor esteve Moura na exposição “Guerreiros e Mártires”. Um facto que aqui queremos deixar registado. Tal como queremos referir a total ausência de referências, por parte da Câmara Municipal de Moura, às suas peças numa grande mostra internacional. É esse silêncio oficial um facto que, sem ironia, também me envaidece.

Crónica em "A Planície"