quarta-feira, 9 de junho de 2021

SILÊNCIO OLIVENTINO

Começa o verão. Um dia extremenho, entre nomes portugueses e na demanda de um sítio já quase desaparecido. Onde está a vila do século XVI? As portas identificam-se, há uma capela que deve ter sido destruída quando se construiu a Puerta del Calvario. O ambiente urbano antigo é mais evidente do que suporia. Mas a marca do dia é o silêncio, cortado pelos clics da máquina fotográfica. Ruas desertas e muito calor. E muito silêncio.

Um pouco assim:

As Horas pela Alameda

As horas pela alameda
Arrastam vestes de seda,

Vestes de seda sonhada
Pela alameda alongada

Sob o azular do luar...
E ouve-se no ar a expirar -

A expirar mas nunca expira -
Uma flauta que delira,

Que é mais a idéia de ouvi-la
Que ouvi-la quase tranquila

Pelo ar a ondear e a ir...
Silêncio a tremeluzir...

Fernando Pessoa

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