terça-feira, 28 de setembro de 2021

ERA UMA VEZ UMA CASA

Ao subir, no outro dia, a ladeira (os de fora dizem a Avenida, nós dizemos a ladeira) fui surpreendido com esta visão estranha. A casa onde vivi, entre 1963 e 1966, já não existe.Tenho imagens difusas da casa. Recordo o corredor onde dei os primeiros passos, a cozinha ao fundo à direita. Assim como o poço e o quintal, mais para lá do poço.

Ao lado da porta, do lado de dentro da porta, que já não existe, puseram o Calçadinho, o rafeiro velho e quase cego, que morreu atropelado e que foi o meu primeiro companheiro de brincadeiras.

A máquina do tempo funciona sem sequências palpáveis, e só por fragmentos. Tinha 2 ou 3 anos e já lá vai mais de meio século. Da casa resta o solo. Curiosamente, tenho ideia dos tetos de caniço, mas não me lembro do chão.

Era uma vez uma casa.



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