sexta-feira, 4 de março de 2022

A PROPÓSITO DAS ESCAVAÇÕES ARQUEOLÓGICAS NO CONVENTO DO CARMO, EM MOURA

Decorrem escavações arqueológicas nos terrenos do antigo Convento do Carmo, em Moura.

Têm surgido, nas redes sociais, imagens dos trabalhos em curso. Várias dessas imagens, bem recentes, mostram estruturas relevantes e que merecem reflexão.

Não tendo detalhes do que está em curso deixo aqui algumas ideias, que espero que possam servir aos arqueólogos responsáveis pela intervenção.

O ponto de partida é constituído por fotografias da boca de um silo. Trata-se de uma estrutura comum em sítios medievais e modernos que, por norma, fornece importantes quantidades de materiais. É comum que a cronologia destes seja coerente, por corresponderem a uma fase de abandono do sítio.

Posto isto, "apostaria" que o silo é anterior ao século XVI. Porquê? Porque essa é a fase de grande enriquecimento e de expansão do Convento. Ou seja, as novas edificações são feitas por cima de ocupações anteriores

Assim sendo, das duas uma:

* Ou o silo é islâmico

* Ou tem uma cronologia em torno dos séculos XIII-XIV (XV?).

Qualquer das possibilidades é interessante, e tem a ver com a ocupação agrária do espaço perirubano.

O local onde o convento foi construído é uma vasta plataforma com um ligeiro declive em direção a norte. Toda essa zona beneficiou das águas que saíam do castelo e que irrigaram as hortas em seu redor. No período islâmico haveria aí várias munyas, como o parecem atestar os materiais cerâmicos descobertos em tempos na Rua do Sete e Meio, assim como uma moeda de Hisham II encontrada na mesma área. Não sendo um "arrabalde" de Moura, poderia ser local de fixação de algumas famílias, que aí viveriam em pequenos casais.

Se se comprovar que a cronologia é baixo-medieval, e posterior à Reconquista, será uma ótima ocasião para aferir cronologias, por se tratar de um contexto perfeitamente selado.



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